A governadora Kristi Noem, do Departamento de Segurança Interna (DHS), enfrenta forte pressão após relatos de que uma nova medida de custos prejudicou a rápida resposta ao desastre. Segundo fontes do FEMA, a exigência de assinatura pessoal de Noem para contratos acima de US$ 100 mil atrasou ações essenciais durante as enchentes no Texas, que deixaram cerca de 120 mortos e mais de 160 desaparecidos.
Política de corte de gastos e impacto na ajuda emergencial
Relatos de quatro funcionários do FEMA, ouvidos pela CNN, indicam que a política de restrição de recursos dificultou o empenho de equipes de busca e resgate, além de limitar o fornecimento de imagens aéreas e suporte adicional na área afetada. Eles afirmaram que o atraso no envio de equipes de resgate e apoio técnico agravou a situação de emergência, que começou há mais de 72 horas.
Apenas 86 funcionários do FEMA foram enviados ao Texas até segunda-feira à noite, segundo documentos analisados. A nova diretriz também afetou a mobilização de equipes de busca, o uso de imagens aéreas e a presença de funcionários nos centros de coordenação de desastres.
Resposta do DHS e críticas da oposição
Tricia McLaughlin, assessora do DHS, afirmou que a instituição tem adotado uma postura de “todos os esforços” na recuperação e destacou o envio de equipes e um oficial de ligação a Kerrville, no Texas. Entretanto, não especificou números ou detalhes sobre o suporte enviado.
Ela justificou as mudanças nas operações como uma tentativa de tornar a FEMA mais eficiente, afastando-se de um modelo considerado excessivamente centralizado, muitas vezes criticado por não responder adequadamente a emergências. “A FEMA está se transformando de uma instituição inchada e centralizada para uma força de desastre mais ágil, que empodera os estados a fornecerem socorro”, afirmou McLaughlin.
Já o senador democrata Ron Wyden, de Oregon, afirmou publicamente que a negligência de Kristi Noem teria causado mortes no Texas. Ele disse que ela deveria ser afastada antes que sua incompetência coloque em risco a vida de outros norte-americanos.
Desaparecimento do administrador do FEMA e questionamentos políticos
Outro ponto de crise é o paradeiro do administrador do FEMA, David Richardson, que não se pronunciou publicamente sobre a situação no Texas e não foi visto na região. Quando questionado, o órgão afirmou que qualquer informação seria divulgada por canais oficiais, mas não forneceu detalhes ou planos de visitas futuras.
Em carta enviada nesta quarta-feira, membros do Congresso, incluindo deputados democratas, questionaram Richardson sobre a sua ausência, pedindo detalhes sobre a quantidade de equipes enviada ao Texas e sobre o preenchimento de vagas na Agência de Meteorologia Nacional.
Preocupação com a preparação e resposta de emergência
Os parlamentares destacaram a importância de fortalecer a resposta a eventos climáticos extremos e criticaram a vacância de cargos estratégicos, como uma posição-chave do Serviço Meteorológico na cidade de San Antonio, que permanece sem titular.
Segundo líderes aliados, o governo de Noem insiste na necessidade de reformar a FEMA para que ela seja uma força mais eficiente, embora críticos alertem que esse processo possa prejudicar ainda mais a resposta rápida a futuras emergências.
A crise evidencia os desafios enfrentados pela gestão de desastres nos Estados Unidos e a relevância de uma coordenação eficiente entre os órgãos federais e estaduais em momentos de calamidade.