A Casa Branca já passou por muitos esquemas corruptos ao longo da história, mas o que se observa na administração do presidente Donald Trump e seu círculo íntimo é de uma gravidade sem igual. Em uma fase marcada pela falta de pudor, a corrupção e os esquemas financeiros abusivos atingiram novas alturas, desafiando comparações históricas mesmo em um país com longas tradições de corrupção.
A ascensão da kleptocracia americana
Desde que iniciou seu segundo mandato, Trump 2.0 já se destaca como um marco da kleptocracia nos Estados Unidos. A cada semana, novos esquemas surgem, revelando uma rede de lucro sem precedentes oriunda da presidência. Negócios imobiliários com regimes autoritários globalmente conhecidos, como o projeto de uma torre Trump na Arábia Saudita e um hotel em Omã, ilustram claramente a estratégia da família Trump de lucrar com seus vínculos políticos.
Um exemplo emblemático dessa prática ocorreu em maio, quando o Catar presenteou a Casa Branca com um jato de R$ 400 milhões. Com um toque de ironia, muitos consideraram o presente um suborno disfarçado, mas Trump aceitou sem hesitação.
Os efeitos internos da corrupção
O cenário não é diferente dentro dos Estados Unidos. Trump tem utilizado acusações infundadas contra organizações de mídia para pressionar acordos financeiros que se assemelham a extorsões. A rede de TV CBS, por exemplo, concordou em pagar R$ 16 milhões a Trump após um processo considerado fraco por especialistas legais, que servirão para financiar sua biblioteca presidencial. A ABC, por sua vez, fez uma doação de R$ 15 milhões ao fundo de sua biblioteca. Estes eventos levantam interrogações sérias sobre os limites entre a política e os negócios na era Trump.
Novas frentes e empreendimentos
Dentre as iniciativas mais controversas está a diversificação de produtos sob a marca Trump, que agora inclui perfumes, tênis e serviços de telefonia. O uso da posição presidencial para promover essas ofertas questionáveis alimenta ainda mais a narrativa de que o presidente se vê acima das leis tradicionais de ética.
Além disso, o surgimento de criptomoedas apoiadas por Trump, como o meme coin $TRUMP, exemplifica o entrelaçamento entre política e lucro. Essa relação incerta levanta preocupações sobre o impacto que esses negócios podem ter no futuro da integridade política nos EUA.
A erosão das instituições de combate à corrupção
Outra questão alarmante é a forma como Trump tem minado as instituições que tradicionalmente controlavam a corrupção. O governo Trump desmantelou diversos órgãos dedicados a investigar crimes financeiros, infringindo normas e leis que anteriormente previnham a corrupção e a lavagem de dinheiro.
A percepção externa é ainda mais preocupante. Regimes autocráticos observam o colapso do sistema americano de combate à corrupção como uma oportunidade rara. Tais países agora veem que, para garantir boas relações com os EUA, o apoio econômico a Trump e sua família pode ser uma chave decisiva.
Explorando novas oportunidades geopolíticas
Com a abertura de novos resorts Trump na Índia e a criação de reservas de criptomoeda no Paquistão, o capital político de Trump se estendeu além das fronteiras dos EUA, criando incentivos para que líderes mundiais superem uns aos outros em ofertas tentadoras. Buboroca à parte, o clima de competição entre nações para conquistar os favoráveis olhos de Trump intensifica uma cultura de “comprar” a influência política.
Enquanto isso, Trump legitimou, implicitamente, a prática de financiamento de políticos americanos por regime estrangeiro. Esses eventos prenunciam um futuro onde os limites éticos são constantemente desafiados e ultrapassados.
Desdobramentos futuros e a luta pela integridade
À medida que os escândalos se desdobram, a expectativa é que as práticas corruptas de Trump se intensifiquem. O que aconteceu com o presente do Catar, por exemplo, não deve ser visto apenas como um caso isolado, mas como um novo paradigma de expectativas em relações internacionais. Múltiplos países agora entendem que, para se destacar em relação a outros, é preciso ir além e oferecer propostas ainda mais atrativas a Trump.
O quadro complexo dentro da administração Trump não apenas redefine os limites da ética política, mas também evoca um cenário preocupante sobre as potenciais consequências futuras para a governança e a democracia nos Estados Unidos. Com regimes autoritários à espreita, a corrida pela influência política torna-se uma bidirecional de interesses e subornos, com a função presidencial sendo colocada em xeque.
