Nesta semana, a participação da influenciadora Cierra Ortega no reality show Love Island USA foi abruptamente encerrada após a descoberta de posts antigos contendo um termo racialmente ofensivo. A surpresa para muitos foi perceber como palavras aparentemente triviais carregam uma história de opressão e desumanização, mesmo quando usadas de forma casual ou ignorante.
O uso de termo racista no passado e o impacto atual
Ortega, de 25 anos, usou o termo “chink” em uma história no Instagram publicada em fevereiro de 2023, ao mencionar procedimentos estéticos. Em outra postagem de 2015, ela escreveu “Still chinkin’ even at the top”, o que gerou indignação entre espectadores atentos ao contexto histórico da palavra.
Para muitos, essa aceitação casual do termo revela como o racismo anti-asiático ainda está enraizado na cultura, muitas vezes disfarçado de admiração ou mesmo de afeto. Segundo especialistas, a palavra tem origem no século XIX, usada para desumanizar imigrantes chineses nos Estados Unidos, sendo considerada uma ofensa grave até hoje.
Reações e reflexão sobre o racismo estrutural
Recentemente, outras celebridades também enfrentaram críticas por usar termos racistas, como Cardi B, que foi questionada por mencionar “chinky eyes” em uma postagem. No entanto, muitos internautas alegam não conhecer a história por trás dessas palavras, justificando sua compreensão limitada pela influência da cultura pop e do rap.
Joey S. Kim, professora de estudos asiano-americanos na Universidade de Toledo, explica que o uso de expressões racistas em contextos aparentemente neutros reforça a normalização do discurso de ódio. “Estes termos funcionam como uma forma de exotizar e desumanizar as pessoas de origem asiática”, ela afirma.
A história do termo e o pano de fundo da discriminação
A palavra “chink” surgiu como um xingamento dirigido a chineses migrantes no século XIX, quando eles eram vistos como “estranhos” e alvo de leis xenofóbicas, como a Lei de Exclusão de Chineses de 1882. Desde então, foi amplamente utilizado para reforçar estereótipos e justificar discriminações.
Nos anos recentes, o termo foi reutilizado por uma geração mais jovem em selfies e comentários, muitas vezes sem consciência de sua carga racial. Segundo Chiung Hwang Chen, professor de comunicação, esse uso normalizado funciona como uma forma de racismo disfarçado de admiração estética.
Por que o racismo anti-asiático é muitas vezes desconsiderado?
Especialistas destacam que a invisibilidade social da comunidade asiada pode facilitar o uso de palavras racistas sem a devida compreensão de seu impacto. Russell Jeung, da Universidade de São Francisco, aponta que a normalização do discurso racista, alimentada por figuras políticas e culturais, contribui para a perpetuação de estereótipos.
Por outro lado, a reação à demissão de Ortega levanta discussão sobre a necessidade de conscientização e educação sobre racismo, especialmente em plataformas que moldam opiniões de jovens. Como explica Joey Kim, “quanto mais discutirmos e nos educarmos, maior será a chance de desconstruir essas palavras de ódio e construir uma sociedade mais consciente.”
Perspectivas futuras: educar para a mudança
O episódio evidencia a urgência de discutir o impacto das palavras e reforçar a importância de reconhecer o racismo estrutural. Com a repercussão pública, espera-se que mais pessoas reflitam sobre o significado de termos considerados banais, mas carregados de uma história de exclusão e violência.
Enquanto isso, os debates sobre responsabilidade de plataformas e produtores de conteúdo permanecem em pauta, reforçando que a conscientização sobre racismo não deve ficar restrita a reações emocionais, mas se transformar em ações educativas contínuas.