Brasil, 15 de agosto de 2025
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Conto de reality show expõe o racismo hidden e a ignorância sobre o termo “chink”

Uma participante de Love Island USA foi expulsa após uso casual de um termo racista, destacando a falta de consciência sobre sua gravidade histórica.

Nesta semana, durante a exibição de Love Island USA na Peacock, uma revelação silenciosa chamou atenção: Cierra Ortega saiu do programa por uma “situação pessoal”. Entretanto, por trás dessa narrativa discreta, havia uma controvérsia relacionada ao uso de um termo racista que gerou críticas e ameaças na internet. A família de Ortega relatou ter recebido ameaças, enquanto a própria foi alvo de ataques após posts antigos onde utilizava o termo de forma casual, como uma descrição de sua aparência.

O impacto do racismo casual e o uso condescendente

A questão central não era apenas a sua saída, mas o significado do termo “chink”, que Ortega utilizou de modo aparentemente natural em selfies e stories. Este termo é um insulto racista contra asiáticos, com raízes no século XIX, quando imigrantes chineses enfrentaram preconceito e leis de exclusão nos Estados Unidos. Apesar de seu uso na cultura popular, especialmente em músicas de rap, seu valor pejorativo permanece forte e doloroso para a comunidade asiática.

Segundo especialistas, o uso frequente de expressões semelhantes, mesmo que muitas vezes disfarçado de elogio ou neutralidade, reforça a desumanização e o estereótipo de inferioridade das minorias asiáticas. “Essas palavras sustentam uma narrativa de exotização e de desconsideração, mesmo quando usadas em contextos aparentemente inofensivos”, afirma Joey S. Kim, professora de inglês na Universidade de Toledo.

Reações na internet revelam desconhecimento e normalização do racismo

Surpreendentemente, muitos internautas admitiram não saber do peso racista do termo. Comentários nas redes sociais sugeriram que a palavra já havia sido usada informalmente, brincadeiras ou até como uma descrição de aparência. Para Kim Horne, influenciadora coreana, essa banalização revela o quanto o racismo antiasiático ainda está profundamente arraigado, especialmente em linguagens e comportamentos considerados “normais” na cultura popular.

Casos semelhantes alimentaram debates anteriores, como o álbum de controvérsia de Cardi B ao usar a expressão para as “pálpebras de chá” de sua filha, o que evidenciou como o racismo muitas vezes é encoberto por uma camada de aceitação social.

Histórico e racismo institucional por trás do termo

Desde o século XIX, o termo “chink” é uma expressão pejorativa que reforçou a marginalização de imigrantes chineses e asiáticos, promovendo uma narrativa de inferioridade baseada em características físicas. Mesmo nos dias atuais, o uso casual ou brincalhão de expressões relacionadas perpetua uma cultura de desumanização.

Pesquisadores como Chiung Hwang Chen e Julia H. Lee destacam que essa linguagem se manifesta como uma forma de racismo estrutural, muitas vezes disfarçada de elogio ou aparência “favorável”. Essa dinâmica impede o reconhecimento do dano causado, alimentando uma narrativa de invisibilidade da dor e do preconceito enfrentados por milhões de asiáticos.

Por que o racismo antiasiático é subestimado?

Para especialistas, a banalização do racismo antiasiático reflete a falta de contato direto de muitos com a comunidade asiática no dia a dia. Como apontado por Russell Jeung, de San Francisco, a normalização do discurso, inclusive por figuras públicas, amplia um ambiente no qual palavras racistas são facilmente ignoradas ou minimizadas.

“A exacerbação do ódio anti-asiático durante a pandemia, com o uso de expressões como ‘vírus chinês’, reforça essa invisibilidade e o desinteresse pela violência simbólica”, acrescenta Jeung. Assim, a discussão traz à tona a importância de reconhecer e condenar o racismo, mesmo na sua forma mais casual, como um passo fundamental na construção de uma sociedade mais justa.

Perspectivas para o futuro

Apesar das controvérsias, há um aspecto positivo na discussão: a conscientização sobre o racismo linguístico. Assim como Ortega foi responsabilizada por seus atos, há uma crescente compreensão de que essas palavras carregam uma história de violência e exclusão. O diálogo aberto, pautado por educação e empatia, é essencial para desconstruir estereótipos e discursos de ódio arraigados na cultura.

À medida que mais pessoas reconhecem a história e o impacto dessas expressões, espera-se que casos como o de Love Island sirvam de exemplo para combater o racismo de maneira mais consciente e efetiva.

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