Brasil, 16 de julho de 2025
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Como as empresas abordam o orgulho LGBTQ+ agora versus há uma década

De apoios públicos e campanhas visíveis a retratação e redução de ações, as estratégias empresariais para Pride mudaram drasticamente em 10 anos

Desde 2015, quando o casamento igualitário se consolidou em todo o Brasil e nos Estados Unidos, a forma como grandes empresas participam do movimento Pride passou por mudanças significativas. Analisando o período, é possível verificar uma evolução tanto em engajamento como em posicionamento, embora haja sinais de retrocessos em alguns setores.

Transformações nas ações de marcas líderes

Campanhas e visibilidade pública

Em 2015, marcas como Target e Facebook marcaram sua presença com campanhas de grande alcance. A Target lançou a campanha #TakePride, com um vídeo de 80 segundos celebrando a diversidade, e o Facebook permitia aos usuários sobreporem a bandeira rainbow em seus perfis, com celebridades apoiando publicamente a causa. Na época, a presença dessas ações tinha um forte caráter simbólico e de apoio público.

Hoje, embora algumas marcas mantenham a tradição de apoiar Pride, a visibilidade diminuiu. Target continua com coleções de roupas e produtos relacionados à data, mas a presença nas redes sociais parece ter sido diminuída, e alguns relatórios indicam que a promoção nos pontos de venda também foi reduzida. A própria empresa foi considerada uma “parceira platina” de Pride em Nova York, pelo menos em 2025.

Engajamento corporativo e posicionamento político

Outra mudança importante foi na postura política. Tesla, que em 2015 participou do desfile de São Francisco com um carro rainbow, atualmente, sob a liderança de Elon Musk, não realizou ações públicas ligadas a Pride. O CEO tem feito postagens sobre o fim do “woke” na plataforma X, indicando um afastamento de posicionamentos mais explícitos de apoio.

Já o Facebook, que na época tinha um envolvimento marcante, não marcou presença no desfile de 2025, após recuos em suas ações de diversidade. A própria rede social, que permitia o uso de filtros rainbow e tinha uma forte campanha de apoio, reduziu seu envolvimento político-marketing na temática LGBTQ+.

Grandes nomes, menos apoio explícito

Marcas de tecnologia e redes sociais

Google, que em 2015 celebrava Pride com o tradicional doodle e campanhas de inclusão, neste ano, optou por focar em cultura musical, celebrando o hyperpop. Além disso, retirou eventos de Pride de seu calendário oficial, justificando a simplificação de tarefas em escala global. Outros gigantes, como AT&T, também reduziram ações de apoio, eliminando iniciativas de divulgação interna e financiamento de grupos como o The Trevor Project.

Indústrias de consumo e beleza

Marcas como Nivea e MAC também tiveram mudanças de postura. Nivea, que em 2015 não tinha ações específicas para Pride, hoje faz parcerias com grupos de advocacy como a PFLAG, lançando produtos especiais. A MAC Cosmetics, que há décadas apoia o movimento, continuou com sua coleção Viva Glam, destinando toda a receita para causas LGBTQ+.

Por outro lado, até mesmo marcas tradicionais de bebidas alcolólicas, como Bud Light, não renovaram seus patrocínios de longa data, demonstrando uma mudança de estratégia ou de posicionamento público.

Recrudescimento na publicidade e no ativismo

Enquanto isso, empresas como Coca-Cola mantêm suas ações de apoio, promovendo coleções de produtos e patrocinando eventos. Em 2015, a marca destacou famílias LGBTQ+ em comerciais, reforçando uma mensagem de inclusão. Em 2025, a presença se mantém, embora de forma mais discreta.

Ben & Jerry’s, que em 2015 homenageou o casamento igualitário com uma sorvete nomeado “I Dough, I Dough”, atualmente tem uma postura mais ativista, protestando contra políticas do governo e apoiando causas trans e de direitos humanos.

Olhando para o futuro: avanços ou retrocessos?

Embora algumas marcas tenham recuado na visibilidade e no envolvimento político, outras continuam engajadas em promover a diversidade. A crise de representatividade e o foco em ações mais superficiais ainda geram debates sobre a autenticidade das campanhas, pois questiona-se se o apoio às causas LGBTQ+ se mantém sincero ou é motivado por estratégias comerciais.

Para especialistas, a questão central é se o movimento corporativo pode evoluir de expressões simbólicas para ações significativas e continuadas, que promovam mudanças reais na sociedade e no ambiente de trabalho. O que se observa é que, após uma década de avanços, o cenário ainda enfrenta desafios e oscilações na reafirmação do compromisso genuíno com os direitos LGBTQ+.

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