Recentemente, Jen Hamilton, enfermeira com grande alcance nas redes sociais, viralizou ao compartilhar um vídeo refletindo sobre os valores cristãos e o apoio à pauta MAGA de Donald Trump. Sua iniciativa busca questionar a compatibilidade entre fé cristã e as ações do movimento político assistido por apoiadores fervorosos do ex-presidente.
O choque entre Bíblia e políticas de MAGA
No vídeo, Hamilton lê passagens de Mateus 25, como “Eu estava com fome e vocês me ofereceram comida” e “Eu estava na prisão e vocês me visitaram”, enquanto exibe manchetes relacionadas às ações do governo Trump, como cortes no programa de alimentação SNAP, deportações de migrantes e cortes na assistência à saúde. Ela afirma que essas atitudes contrariam os ensinamentos de Jesus sobre amor ao próximo e justiça social.
“Como cristã, não acho possível ser MAGA e seguir Jesus”, comenta uma das principais reações nas redes sociais. A enfermeira afirma que seu objetivo é mostrar a hipocrisia de quem apoia uma ideologia que, na sua visão, prejudica as comunidades que Jesus chamava a amar.
Reações e resistência entre apoiadores
Embora a mensagem de Hamilton tenha recebido aplausos de muitos, também gerou repúdio entre apoiadores do movimento. “Alguns relataram meu vídeo ao Conselho de Enfermagem, querendo tirar minha licença”, disse ela. “Eu simplesmente quero que as pessoas reflitam sobre os valores de Jesus, não fazer uma declaração política.”
Hamilton destaca que seu movimento não é contra Trump, mas sim uma tentativa de colocar a moral e os ensinamentos de Cristo acima de polarizações e políticas partidárias.
O panorama da fé e o impacto de Trump na Igreja cristã americana
Especialistas apontam que há uma divisão profunda no cristianismo norte-americano, impulsionada pelo envolvimento de líderes evangélicos com o governo Trump. Pastores como Paula White e William Wolfe defendem posições que contrariam os ensinamentos bíblicos, apoiando políticas anti-imigração e de forte motor nacionalista.
Segundo o reverendo Brandan Robertson, a aliança entre o movimento MAGA e a fé cristã é uma extensão do que a bancada conservadora tem feito há décadas: usar a religião para sustentar privilégios e políticas de exclusão. “Eles distorcem o evangelho, como se o cristianismo fosse uma ferramenta de poder político”, avalia Robertson.
Mais vozes contra o extremismo político na fé
Entidades religiosas progressistas, como a bispa Mariann Edgar Budde, têm denunciado o risco espiritual de apoiar o atual quadro político. Em suas manifestações públicas, ela chama a atenção para os perigos de manipular a fé para justificar políticas de exclusão social e perseguição a minorias.
Mesmo assim, a maioria dos fiéis não considera Trump um cristão praticante, embora 72% dos evangélicos brancos o apoiem, segundo uma pesquisa do Pew Research de 2020. Isso evidencia que a conexão entre política e religião nos Estados Unidos ainda é bastante complexa.
Esperança de uma mudança de foco no cristianismo
Para muitos líderes religiosos, a esperança reside em uma retomada dos valores centrais de Jesus. A escritora Carrie McKean lembra que o cristianismo deve priorizar a busca pelo amor, justiça e compaixão, criticando a idolatria do poder político.
Hamilton acredita que seu vídeo pode abrir espaço para diálogos mais autênticos. Ela recebeu mensagens de pessoas que estão repensando suas posições, buscando uma relação mais genuína com sua fé, desvinculada de extremismos e do envolvimento com o que ela chama de “nacionalismo cristão.”
Enquanto a polarização entre fé e política persiste, há uma esperança de que mais cristãos voltem sua atenção para os ensinamentos de Jesus, promovendo uma espiritualidade mais alinhada ao amor ao próximo e à justiça social.
