A leitura bíblica confrontando políticas do movimento MAGA
Hamilton destaca trechos como “Tiveste fome e me deste de comer” e “Estava na prisão e me visitaste”, relacionando-os às ações concretas que, segundo ela, contrariam a postura do movimento pró-Trump, especialmente em relação às comunidades vulneráveis. “Quando você recusou ajudar os humildes, recusou ajudar a mim”, cita Jesus, reforçando seu ponto de vista de que não é possível ser cristão e apoiar o que ela chama de hipócrisia do movimento MAGA.
Reações e polarização nas redes sociais
Após o lançamento do vídeo, muitas pessoas — incluindo cristãos e ateus — elogiaram Hamilton por usar a Bíblia para refletir sobre o apoio a políticas que, na visão dela, ferem os ensinamentos de Jesus. Contudo, ela também enfrentou críticas e até denúncias à Ordem dos Enfermeiros, que poderiam prejudicar sua licença profissional. “Não entendo como alguém pode ser cristão e ao mesmo tempo apoiar Trump”, afirmou Hamilton ao HuffPost.
O conflito interno na devoção cristã americana
Analistas e líderes religiosos destacam que a controvérsia de Hamilton reflete um conflito de longa data na história do cristianismo nos EUA. O pastor Brandan Robertson afirma que a direito religioso foi manipulada por políticos conservadores para preservar privilégios sociais, criando uma associação estreita entre valores políticos e ortodoxia cristã.
Ao mesmo tempo, a maioria dos americanos não considera Trump um homem particularmente religioso: uma pesquisa de 2020 do Pew Research aponta que menos da metade acha que ele seja um cristão, embora ele ainda seja apoiado por 72% dos protestantes evangélicos brancos, segundo levantamento de 2025.
Divisão entre igrejas e líderes religiosos
Críticos de Trump no meio cristão incluem bispos e pastores influentes, como Mariann Budde, episcopala de Washington, que questiona a compatibilidade entre as ações do presidente e os valores de Jesus. Em contrapartida, figuras conservadoras seguem defendendo o apoio ao ex-presidente, mesmo com uma parte da liderança evangélica buscando distanciar-se do movimento MAGA.
Chamado por uma fé centrada em Jesus
Para líderes como Carrie McKean, pastora e responsável de comunicação numa igreja do Texas, é crucial que os cristãos retornem a uma leitura mais autêntica do Evangelho, priorizando o ensinamento de Jesus acima de parte da política partidária. “Jesus não veio construir um reino deste mundo”, alerta McKean, enfatizando a importância de refletir criticamente sobre as próprias convicções políticas.
Esperança em uma mudança de paradigma
Hamilton expressa esperança na repercussão de seu vídeo, dizendo ter recebido mensagens de pessoas que passaram a questionar suas lealdades políticas e a se aproximar de uma compreensão mais alinhada com os ensinamentos de Cristo. Ela ressalta que seu objetivo não é transformar todos em liberais, mas criar um espaço de reflexão para quem se encontra preso na polarização.
A polarização entre fé e política nos Estados Unidos revela uma espécie de abismo na compreensão do que significa ser cristão, onde a associação entre o apoio a determinado líder e a vivência cristã é questionada por muitos fiéis e líderes religiosos que buscam resgatar os ensinamentos originais de Jesus.
