Em uma carta enviada ao presidente Lula, o ex-presidente Donald Trump informou que os Estados Unidos abrirão uma investigação sobre as ações do Brasil contra as big techs americanas, além de anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida foi divulgada nesta semana e causa preocupação no governo brasileiro, que já avalia o impacto econômico e diplomático.
Reação do Brasil às ameaças tarifárias de Trump
Lula reagiu às declarações de Trump afirmando que a medida será respondida “à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”. Segundo o presidente, o Brasil adotará medidas proporcionais e mantém a disposição ao diálogo, mesmo com a tensão crescente.
Os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA incluem siderúrgicos, aeronaves, óleos combustíveis, petróleo, café e carne bovina. Em contrapartida, o país importa motores, máquinas, carvão e outros itens industriais, formando uma relação comercial complexa e interdependente.
Impactos econômicos e diplomáticos das tarifas de Trump
Especialistas avaliam que a sobretaxa de 50% pode aumentar em 35 pontos percentuais as tarifas brasileiras de exportação, provocando uma redução de 0,3 a 0,4 ponto percentual no PIB do Brasil, conforme análise de Alberto Ramos, diretor de Pesquisa Econômica do Goldman Sachs para a América Latina. Além disso, medidas retaliatórias poderiam intensificar os efeitos negativos na economia brasileira.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) destacou a importância do diálogo diplomático, enquanto a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforçou a necessidade de negociar com urgência para evitar prejuízos à cadeia produtiva do país. Já a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) alertou que a disputa tarifária pode afetar empregos, investimentos e cadeias de produção interligadas.
Repercussões e perspectivas futuras
Repercutindo internacionalmente, jornais chamaram a carta de Trump de “destemperada” e destacaram o risco de uma escalada na tensão entre os países. A imprensa brasileira também acompanha com preocupação o impacto nas exportações de setores como automotivo, alimentos e calçados, que enfrentam dificuldades diante das ameaças tarifárias.
O ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, prevê que o Brasil terá que diversificar ainda mais seus mercados de exportação e reforçar alianças no bloco do BRICS, já que o caminho via Organização Mundial do Comércio (OMC) está praticamente esgotado devido à crise de credibilidade do órgão. Além disso, a possibilidade de aplicar medidas de reciprocidade voltadas à propriedade intelectual, embora improváveis, é vista por analistas como uma estratégia de retaliação mais efetiva.
O futuro da relação Brasil-EUA diante da crise
Especialistas e lideranças políticas alertam que a situação exige cautela máxima da diplomacia brasileira. Carlos Primo Braga, professor da Fundação Dom Cabral, destaca que o cenário implica em uma convivência difícil, com a necessidade de buscar novas parcerias internacionais e fortalecer o mercado interno.
Mais do que nunca, o momento é de intensificar negociações e evitar ações que possam prejudicar a credibilidade do Brasil como parceiro confiável. A expectativa é que o governo adapte suas estratégias de defesa econômica e diplomática para mitigar os efeitos das tarifas e preservar os interesses nacionais e comerciais.
Fonte: Globo Economia