As recentes ameaças de Donald Trump de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros abrem uma nova crise nas relações comerciais e políticas entre Brasil e Estados Unidos. A medida, que ainda não foi oficialmente implementada em sua totalidade, ameaça setores estratégicos da economia brasileira, como o de metais, agronegócio e indústria automotiva, além de impactar toda a balança comercial do país.
Impacto econômico e setor de metais
O setor de metais, incluindo aço, alumínio e cobre, será o mais afetado pelos tarifões anunciados. Segundo o consultor de comércio internacional Welber Barral, as sobretaxas atuais de 25% já vinham dificultando as exportações, mas a elevação para 50% ainda não produziu efeitos concretos. Se as tarifas se somarem a outros 50%, a carga total chegará a 100%, inviabilizando as vendas brasileiras ao mercado americano. Donald Trump justificou a medida alegando desigualdade nas tarifas entre exportações e importações, embora a justificativa seja considerada infundada por especialistas.
Possíveis isenções e setores protegidos
Historicamente, os EUA excluíram minerais, petróleo e petroquímicos de tarifas elevadas, o que poderia se repetir. Isso protegeria aproximadamente um terço das exportações brasileiras, como minério de ferro e petróleo, cuja importância é elevada para o comércio externo do país. Contudo, é preciso que as regras sejam formalizadas em documentos mais objetivos, além das declarações políticas.
Repercussões na cadeia produtiva e comércio intrafirma
O impacto recai também sobre o setor automotivo, que depende de partes e componentes importados dos Estados Unidos vendidos por empresas americanas instaladas no Brasil — uma típica atividade de comércio intrafirma. Além disso, o Brasil importa cerca de US$ 1 bilhão em carvão mineral do exterior, fundamental para a indústria siderúrgica, que posteriormente exporta aço. A medida ameaçaria esse fluxo, prejudicando ainda as exportações brasileiras de carvão.
Riscos para o agronegócio e outros setores
Sectores como o de carnes, frutas, laranja e açúcar, que já enfrentam tarifas elevadas, podem ver sua competitividade no mercado norte-americano reduzir ainda mais. A bancada ruralista, maioritariamente bolsonarista, pediu ao governo uma resposta firme à imposição de tarifas, aumentando a tensão entre o setor agrícola e o governo.
Contexto político e relação bilateral
Do ponto de vista político, a maior prejudicada é a direita brasileira, que Trump buscou fortalecer ao longo de sua gestão. A carta de Trump, explicitando o tarifamento, foi vista por especialistas como uma mancha na história da relação entre Brasil e EUA. Segundo Jair Bolsonaro, a medida foi uma resposta às ações do Poder Judiciário brasileiro contra as empresas de tecnologia do país. No entanto, a iniciativa foi duramente criticada por analistas internacionais e pelo próprio setor econômico, que considera a medida injustificada.
Desafios e perspectivas futuras
Ainda não é possível dimensionar completamente os efeitos dessa política, devido à falta de informações detalhadas. O governo americano ainda não publicou documentos oficiais, o que dificulta uma análise mais precisa. Entretanto, o cenário aponta para uma desaceleração nas exportações brasileiras e aumento de custos internos, além de uma deterioração na relação diplomática entre os dois países por conta de estratégias políticas que, segundo analistas, prejudicam o Brasil e favorecem interesses de uma fração da elite política brasileira.
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