No dia 10 de agosto, o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, declarou que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar tarifas comerciais sobre as exportações brasileiras é um grave erro de avaliação. Em um anúncio recente, Trump estabeleceu uma taxa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil.
Impacto das tarifas comerciais na relação Brasil-EUA
Alckmin sublinhou que, para além de manter um superávit comercial com o Brasil, os Estados Unidos se beneficiam de tarifas zeradas na maior parte dos produtos que são exportados para o Brasil. “Segundo dados norte-americanos, o superávit em bens para os EUA foi de US$ 7 bilhões no ano passado, além de US$ 18 bilhões em superávit em serviços. Dos 10 produtos que mais exportam para o Brasil, oito têm tarifas que são zeradas, ou seja, não pagam qualquer imposto para entrar no país”, afirmou Alckmin durante uma coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Ele acrescentou que a imposição das tarifas por parte dos EUA é um “grande equívoco” que acredita que será corrigido em breve.
Críticas à família Bolsonaro e desinformação
O vice-presidente também fez críticas severas à família Bolsonaro, que, segundo ele, tem disseminado desinformação sobre o Brasil para o governo dos EUA, além de atuar nos bastidores para a imposição das tarifas comerciais. Alckmin lembrou da gestão Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19, que resultou na morte de mais de 700 mil brasileiros. Ele também mencionou os ataques ao meio ambiente e a tentativa de golpe de Estado ocorrida em janeiro de 2023.
“Agora a gente vê que esse clã, mesmo fora do governo, continua trabalhando contra o interesse brasileiro e contra o povo brasileiro. Antes era um atentado à democracia, agora é um atentado à economia, prejudicando as empresas e os empregos”, lamentou Alckmin.
Medidas do governo brasileiro frente às tarifas
Em uma entrevista à Record TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar negociar mudanças na decisão tomada pelos EUA. Lula também revelou a criação de um comitê de emergência formado por empresários exportadores, com o objetivo de avaliar o cenário e tomar as medidas necessárias. Além disso, a aplicação da Lei de Reciprocidade Comercial está sendo analisada pelo governo.
Compromisso com o diálogo
Geraldo Alckmin reafirmou o compromisso do Brasil em manter um diálogo aberto com o governo dos EUA, relacionamento que ele próprio vinha conduzindo com Howard Lutnick, secretário de Comércio dos Estados Unidos. “O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo”, afirmou Alckmin, demonstrando intenção de buscar uma solução pacífica e colaborativa para a situação.
A imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos representa um desafio significativo para a economia brasileira e, consequentemente, para o equilíbrio das relações comerciais entre os países. Em meio a essa crise, o governo brasileiro está se mobilizando para proteger os interesses nacionais e buscar um entendimento que beneficie ambas as nações.
Essa situação atual destaca a importância da diplomacia e do diálogo nas relações internacionais, especialmente em um contexto de crescente proteçãoismo e desinformação. O investimento em estratégias para mitigar os impactos negativos das tarifas será crucial para garantir a estabilidade econômica e a recuperação do Brasil no cenário global.