O recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou um intenso debate nas principais redes sociais do Brasil. Segundo dados levantados pela Escola de Comunicação da Fundação Getulio Vargas (FGV), o pico de postagens sobre o tema ocorreu na quarta-feira, alcançando impressionantes 159 mil menções. O tom das publicações, majoritariamente alinhadas ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de seus aliados, chamou a atenção dos analistas e do público.
O engajamento nas redes sociais
A análise da FGV indicou que Lula teve um desempenho notavelmente superior ao de seu rival político, Jair Bolsonaro, em termos de engajamento nas redes sociais. No Instagram, as postagens de Lula sobre a tarifa geraram cerca de 770 mil interações, posicionando-se como o quinto conteúdo mais impactante, em contraste com os 240 mil engajamentos obtidos por Bolsonaro, que ocupou o oitavo lugar no ranking de relevância.
Além dos políticos, outros influenciadores também se destacaram. Um vídeo crítico a Trump, gravado pelo ex-BBB Gil do Vigor, e uma publicação do “prefeito tiktoker” de Sorocaba, Rodrigo Manga, que é desfavorável a Lula, apareceram entre os conteúdos mais compartilhados na mesma linha de tempo. O levantamento realizado monitorou atividade nas redes entre as 17h da quarta-feira (9) e as 8h da quinta-feira.
Soberania e críticas à política externa
No Instagram, observou-se que aproximadamente 50% das publicações de caráter político estavam relacionadas à nova medida de Trump e à valorização do dólar. O termo “soberano” se destacou entre as quinze palavras mais mencionadas nas conversas. No X (anteriormente conhecido como Twitter), onde foram contabilizadas mais de 1 milhão de postagens, 20% da atividade analisada refletiu uma perspectiva crítica à taxação proposta por Trump, enfatizando a necessidade de defender a soberania nacional. Em contrapartida, perfis de direita mantiveram um discurso coeso, atribuindo a responsabilidade pela medida à política externa do governo Lula.
A “nuvem de palavras” criada a partir das postagens no X trouxe à tona a figura de Eduardo Bolsonaro, deputado federal que viajou aos Estados Unidos. Ele tem sido visto como um dos responsáveis por pressionar o governo americano em busca de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após chamar atenção pública para a questão, Eduardo tem sido central nas discussões sobre a revisão comercial e a resposta do governo brasileiro ao tarifaço de Trump.
A divisão de opiniões e reações
Em suma, a FGV Comunicação Rio estima que cerca de 100 mil publicações em perfis críticos ao governo Lula surgiram, enquanto mais de 300 mil postagens estavam alinhadas a um discurso em defesa da soberania nacional e contra as ações de Trump. A polarização é evidente nas redes sociais, com a maioria das vozes se alinhando a uma percepção de defesa do Brasil frente a medidas estrangeiras.
Um levantamento adicional da consultoria Bites destacou que Lula e deputados alinhados à base governista tiveram uma performance muito melhor no X após o anúncio do tarifaço, com engajamento duas vezes maior em comparação aos apoiadores de Bolsonaro. Entre as preocupações manifestadas, especialmente pela classe média que planeja férias, está a escalada do preço do dólar.
Pressão sobre Bolsonaro e possíveis ações
Ainda nesta linha, surgiram relatos de que parte dos aliados de Bolsonaro defende que o ex-presidente busque uma ação junto a Trump para reverter a tarifa. A falta de uma resposta decisiva, segundo críticos, pode abrir espaço para que o governo Lula capitalize sobre a situação, vinculando
a medida de Trump ao desempenho político de Bolsonaro.
O clima nas redes sociais continua tenso e, à medida que mais informações surgem, a influência e o alcance das publicações políticas devem continuar a crescer, revelando um cenário polarizado e repleto de disputas por narrativa.