Brasil, 10 de julho de 2025
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Salmão selvagem da Noruega desaparece devido às mudanças climáticas e piscicultura

Declínio do salmão selvagem na Noruega preocupa pescadores e ameaça ecossistemas, com causas ligadas às mudanças climáticas e à piscicultura intensiva.

A população de salmões selvagens na Noruega, que durante décadas foi símbolo da pesca esportiva e do patrimônio ambiental do país, está em queda dramática. Em 2024, apenas 323 mil desses peixes nadaram rio acima, contra um milhão na década de 1980, segundo o Comitê Consultivo Científico Norueguês para o Salmão do Atlântico. Um pescador local, Christer Kristoffersen, que conhece o rio Stjordal desde a infância, relata que na década de 1980 era comum pescar de 10 a 15 salmões em uma noite, mas hoje a situação é praticamente irreversível.

Declínio do salmão selvagem e suas causas

O salmão selvagem é listado na lista vermelha de espécies quase ameaçadas na Noruega desde 2021. Cientistas suspeitam que as mudanças climáticas, que alteram os ecossistemas aquáticos, têm impacto direto na sua população, que simplesmente “somem no mar” sem deixar rastros claros. Ainda não há respostas definitivas para o fenômeno, mas a relação com o aquecimento global é cada vez mais evidente.

A pesca esportiva, tradicionalmente uma atividade importante na cultura norueguesa, foi suspensa em 33 rios em 2024, e novas restrições, como o fechamento de alguns rios e cotas mais curtas, foram implementadas para tentar conter a queda. Mesmo assim, a preocupação cresce entre moradores e pescadores, que veem na perda do salmão uma ameaça ao turismo e à economia local, que gera milhares de empregos e receita por meio do turismo de pesca.

Impacto da piscicultura na população de salmão selvagem

Desde os anos 1970, a criação de salmão em fazendas no fiorde da Noruega tornou-se uma indústria bilionária, responsável por 12 bilhões de dólares anuais, atrás apenas do petróleo e gás no país. Contudo, esse modelo de piscicultura gera problemas ambientais severos. Segundo o Comitê Consultivo Científico, os salmões de viveiro, que superam em número os selvagens por cruzamentos genéticos, contribuem para a redução dos estoques naturais. Parasitas como os piolhos-do-mar, que se proliferam nas gaiolas, também afetam os salmões selvagens, que podem morrer ao passar pelas fazendas.

O chefe do comitê, Torbjorn Forseth, explica que os piolhos “podem consumir a pele, sugar sangue e causar a morte dos peixes”. Além disso, a fuga de peixes de viveiro e o cruzamento com os selvagens criam características prejudiciais à sobrevivência do salmão nativo, como o crescimento rápido, que prejudica a adaptação ao ambiente natural.

Medidas e desafios para a preservação

Para tentar reverter o declínio, foram pedidos sistemas de gaiolas fechadas para evitar fugas e impacto ambiental, mas a transição ainda é lenta e complexa. Oyvind Andre Haram, porta-voz da Associação Norueguesa de Frutos do Mar, explica que construir sistemas fechados e seguros no oceano envolve desafios técnicos e uma longa fase de testes, pois tudo precisa ser garantido para evitar problemas futuros.

Amargamente, as autoridades consideram suas ações insuficientes diante da gravidade do problema. “Estão dando passos de bebê quando o salmão selvagem precisa de uma revolução”, lamenta Ann-Britt Bogen, que abandonou a carreira na área financeira para administrar uma pousada de pesca em Gaula. Ela teme que, se o governo não assumir sua responsabilidade, possa ser a última geração a pescar salmão selvagem na Noruega.

Perspectivas futuras e a busca por soluções

Apesar do setor de piscicultura afirmar que compartilha da preocupação com o salmão selvagem, o ritmo de mudança é lento. A Noruega prepara novas regulamentações que deverão ser implementadas em dois a quatro anos, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental das fazendas de salmão e acelerar a transição para modelos mais sustentáveis, como as gaiolas seladas.

Enquanto isso, a recuperação do salmão selvagem permanece incerta, e a pressão para que o país adote medidas mais radicais aumenta. Cientistas e pescadores esperam que o governo sirva de exemplo para a conservação de espécies ameaçadas e a preservação da cultura tradicional da pesca na Noruega.

Para mais informações, acesse o artigo completo sobre o declínio do salmão selvagem na Noruega.

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