Diante do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que irá impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, o Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu implementar uma ofensiva política e digital. O foco é direcionado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, que o PT acusa de serem os responsáveis por essa decisão, interpretada como um ataque à soberania nacional, motivado por interesses ideológicos e retaliação política.
A ofensiva digital do PT
A resposta do PT inclui uma nova campanha nas redes sociais, com a inserção de vídeos gerados por inteligência artificial que responsabilizam o bolsonarismo pelo que eles chamam de “tarifaço”. Essa estratégia se assemelha ao modelo adotado na recente campanha sobre a taxação dos super-ricos, que teve significativa repercussão e engajamento online, ampliando o alcance das publicações do partido.
Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do PT, afirmou que a nova série de conteúdos será mais incisiva nas críticas ao bolsonarismo. O objetivo é evidenciar os impactos econômicos das tarifas americanas nos setores produtivos e no mercado de trabalho brasileiro. Frases de efeito como “Brasil soberano” e “Parem o tarifaço” estão sendo utilizadas para guiar a narrativa nas redes sociais.
Um ataque à soberania nacional
Conforme revelado pelo colunista Lauro Jardim, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira, contribuiu diretamente para essa ofensiva. Um dos slogans sugeridos por ele resume o tom adotado pelo partido: “Lula quer taxar os bilionários; Bolsonaro quer taxar o Brasil”.
Desde o anúncio da medida por Trump, a militância do PT tem se esforçado para atribuir a aliados do ex-presidente, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, uma influência direta sobre a decisão do presidente americano. A interpretação do PT é de que Trump está usando a retórica comercial para retribuir o apoio político a Bolsonaro, que atualmente é réu por tentativa de golpe de Estado e vem sendo defendido publicamente por Trump.
Críticas nas redes sociais e no Congresso
Na manhã de hoje, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, expressou em suas redes sociais sua indignação em relação a Tarcísio e Bolsonaro, afirmando que eles “pensam apenas no proveito político que esperam tirar da chantagem do presidente dos EUA”.
A reação do PT também se faz presente no Congresso. Em discursos na tribuna e publicações nas redes sociais, parlamentares do partido acusaram bolsonaristas de “traição à pátria” por, segundo eles, priorizarem interesses pessoais em detrimento do país. O deputado Lindbergh Farias, vice-líder do governo na Câmara, declarou:
“Toda a justificativa para retaliar o Brasil é política, numa tese de defesa do Bolsonaro como perseguido. Os vira-latas bolsonaristas conseguiram. Bolsonaro, Eduardo e Tarcísio devem estar muito felizes em prejudicar o Brasil, nossa economia e nossos empregos.”
Contramedidas possíveis e críticas à narrativa de Trump
O PT sugere que o governo brasileiro implemente contramedidas baseadas na Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao país responder a sanções comerciais com retaliações diplomáticas ou econômicas equivalentes. Segundo a legenda, essa hipótese não está descartada pelo Palácio do Planalto.
A sigla ainda aponta uma inconsistência na retórica de Trump, lembrando que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil há mais de uma década. Essa evidência, segundo o PT, enfraquece o argumento de que o comércio bilateral seria injusto para os americanos.
No Senado, os petistas endureceram o tom. O senador Humberto Costa afirmou: “Essa tarifa é contra o Brasil, não contra um governo”, enquanto seu colega Jaques Wagner declarou: “O Brasil não será quintal de ninguém. O Brasil é dos brasileiros, não de capachos”.
Objetivo do PT com a situação
A expectativa da cúpula do PT é usar esse episódio como uma oportunidade para intensificar o embate com o bolsonarismo, buscando assumir o protagonismo da reação. O partido pretende se afirmar como defensor da soberania nacional, da indústria e do emprego, em contraste evidente com seus adversários políticos. Ao adotar essa postura, o PT busca capitanear o descontentamento popular causado pelas tarifas impostas por Trump e pela retórica bolsonarista, almejando consolidar sua imagem política no atual cenário.