Há mais de dois séculos, os principais líderes da Revolução Americana, como Thomas Jefferson e James Madison, lutaram para estabelecer a separação entre igreja e Estado, uma princípio que ainda hoje é alvo de debates e ataques jurídicos nos Estados Unidos.
Origem do princípio da separação de igreja e Estado
Antes da Revolução, as colônias americanas não possuíam essa separação. Muitas apoiavam igrejas estabelecidas com dinheiro público, e algumas discriminavam indivíduos por motivos religiosos, limitando seus direitos de voto e participação política.
Na Virgínia, por exemplo, a Igreja da Inglaterra era a igreja oficial, e todos os habitantes pagavam impostos para sustentá-la, mesmo se não fossem membros. Além de controle religioso, essa igreja influenciava questões civis, como casamento e assistência social.
A emergência dos dissentientes religiosos
Durante o século XVIII, o crescimento de grupos protestantes minoritários, como presbiterianos e batistas, começou a desafiar a hegemonia anglicana. Em resposta, os anglicanos passaram de discriminação legal a perseguição física contra os dissidentes.
Relatos de atos de violência incluem perseguições com cães, pedras, tiros e até agressões a reunião de fiéis. Morgan Edwards, um ministro batista, descreveu ações como haver um chifre de urso jogado em uma reunião de oração.
Fundamentos de liberdade religiosa e os fundadores
Thomas Jefferson, James Madison e outros líderes defendiam uma separação rigorosa para evitar a corrupção tanto na religião quanto no governo, além de promover a convivência pacífica entre diversos grupos.
Segundo Jefferson, a liberdade religiosa era essencial para proteger os cidadãos de abusos e garantir a diversidade de crenças na nova nação.
Desafios atuais à separação de igreja e Estado
Hoje, esse princípio enfrenta questionamentos na Suprema Corte e contra iniciativas de políticos como Donald Trump, que promovem o uso de recursos públicos para apoiar escolas religiosas e utilizam o conceito de “liberdade religiosa” para minar leis contra discriminação.
Juristas têm discutido o significado original dessa separação e seus limites, enquanto ativistas alertam para o risco de um retorno a um período em que religião e política estavam entrelaçadas.
Reflexões sobre o legado dos patriotas
Celebrar os 250 anos da Revolução é uma oportunidade para reforçar a importância da liberdade religiosa e compreender como ela foi conquistada pelos pioneiros americanos, que enfrentaram perseguições e desigualdades para garantir o direito de cada um acreditar de acordo com sua consciência.
Como explicou a historiadora Ruth Bloch, “a separação de igreja e Estado nasceu do desejo de proteger a liberdade individual e evitar conflitos religiosos dentro de uma sociedade plural”.