Na noite desta quinta-feira (10), a Avenida Paulista foi palco de uma grande manifestação organizada pela Frente Povo Sem Medo e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O evento, que inicialmente focava na taxação dos super-ricos e na isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, rapidamente se transformou em uma crítica contundente ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Motivações e temas da manifestação
Os manifestantes expressaram sua insatisfação com a recente decisão de Trump de impor uma taxação de 50% aos produtos brasileiros, uma medida que, segundo críticos, se relaciona com a situação política brasileira, especialmente com o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe. Slogans como “O Brasil não será tutelado por ninguém” refletiram a indignação dos participantes, que se vêem em uma luta diária contra o que consideram ingerências externas nas questões nacionais.
O deputado federal Rui Falcão (PT), que estava presente, afirmou: “O ato já tinha sido convocado pela taxação dos super-ricos e agora o Trump adiciona mais esse elemento, que é essa taxação absurda provocada pelos bolsonaristas.” Este comentário destacou a interconexão entre a política interna e a externa, colocando a culpa nas políticas de Bolsonaro pela taxação imposta por Trump.
União de vozes contra imperialismo
O trio elétrico, ponto central da manifestação, trouxe figuras políticas importantes, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL) e a vereadora Amanda Paschoal (PSOL). As falas era direcionadas não só a Trump, mas também a Bolsonaro e ao atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Aqui está acontecendo a maior manifestação de rua no Brasil em 2025. Aqui estão os verdadeiros patriotas”, declarou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), enfatizando a luta pela soberania do Brasil.
A crítica à administração de Tarcísio de Freitas foi contundente. Boulos chamou sua postura de “vergonhosa”, especialmente ao responsabilizar o governo federal pela relação tensa com os Estados Unidos. Além disso, ativistas como Natalia Szermeta, mulher de Boulos, trouxeram placas mostrando imagens de Trump com um X vermelho, simbolizando a rejeição à sua política.
A luta pela anistia e contra o imperialismo
Os manifestantes não se limitaram a criticar Trump e Bolsonaro; também se posicionaram contra a anistia das pessoas envolvidas nas invasões ocorridas em 8 de janeiro de 2023. A expressão “imperialismo yanke” ressoava entre os participantes, evidenciando o forte sentimento de resistência contra intervenções estrangeiras.
Em meio a tudo isso, o governo Lula (PT) conseguiu mobilizar seus apoiadores nas redes sociais, registrando um engajamento significativo em postagens sobre a taxação de Trump. Estratégias de comunicação foram amplamente discutidas nos bastidores, com um novo slogan ganhando força: “Lula quer taxar os bilionários; Bolsonaro quer taxar o Brasil”. Este movimento teve como objetivo realçar as diferenças entre as propostas do atual governo e as do antecessor.
A coordenadora nacional do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Ana Carla Perles, ressaltou que, caso Trump não recuasse, novas manifestações nas ruas seriam inevitáveis. “O que os movimentos querem é dialogar com a sociedade”, afirmou, mostrando a disposição de continuar a luta por uma política mais justa e contra o que consideram opressão.
Histórico de mobilizações da Frente Povo Sem Medo
Desde sua fundação em 2015, a Frente Povo Sem Medo tem sido uma voz ativa em mobilizações sociais no Brasil. O grupo organizou protestos históricos, como aqueles contra o impeachment de Dilma Rousseff e as ocupações ligadas às investigações da Operação Lava Jato. Recentemente, eles também realizaram atos simbólicos, como a invasão de um prédio do Itaú em São Paulo, exigindo ações contra a desigualdade.
Nos últimos dias, as táticas de mobilização têm se diversificado, incluindo o uso de inteligência artificial e campanhas nas redes sociais, que não hesitam em comparar figuras políticas a inimigos, na tentativa de criar um diálogo mais incisivo e impactante com a sociedade brasileira.
Essa manifestação na Avenida Paulista não apenas ilustra a resistência da esquerda contra políticas consideradas prejudiciais, mas também evidencia um momento vital de união e luta por um Brasil soberano e justo.