Recentemente, Israel anunciou que parte do estoque de urânio enriquecido do Irã, que se aproxima do nível de armamento, sobreviveu aos bombardeios realizados pelos Estados Unidos durante a recente guerra de 12 dias. As revelações suscitaram dúvidas sobre a capacidade do país de ocultar material nuclear em locais não monitorados, especialmente após rumores de que 408,6 kg de urânio foram removidos de sites sensíveis antes dos ataques.
A guerra de 12 dias e seus impactos
A guerra, que teve início em 13 de junho com a Operação Leão Ascendente, visou os principais locais militares nucleares do Irã. As forças israelenses, em uma campanha complexa, miraram em várias instalações críticas, incluindo a planta de enriquecimento de Fordow, Natanz e o Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan. O presidente Donald Trump também se juntou à campanha de bombardeio, utilizando bombardeiros B-2 para lançar mais de uma dúzia de bombas de penetração GBU-57, projetadas para atingir estruturas subterrâneas fortificadas.
Segundo um oficial israelense, que pediu anonimato, é possível que algumas das instalações nucleares ainda estejam acessíveis para os engenheiros nucleares iranianos. Entretanto, a mesma fonte disse que qualquer tentativa de recuperar o urânio restantes seria detectada pelos serviços de inteligência israelenses, que estariam prontos para futuras ações militares, caso necessário.
O estado atual do programa nuclear iraniano
O urânio mencionado é de aproximadamente 60% de pureza, um nível significativamente acima das necessidades civis, mas ainda ligeiramente abaixo do grau armamentista. Se o material for refinado para 90% de pureza, seria teoricamente suficiente para produzir mais de nove ogivas nucleares. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também se manifestou, ressaltando que não se pode confirmar a localização exata dos estoques restantes de urânio enriquecido.
Islã reconheceu que a Operação Martelo da Meia-Noite causou danos “excessivos e sérios”, mas as autoridades continuam incertas sobre a extensão da destruição, especialmente se todo o estoque de urânio enriquecido foi eliminado. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, declarou em entrevista que a confirmação do que ocorreu e a localização do material são essenciais para a segurança internacional.
Preocupações com a recuperação do urânio
Imagens de satélite sugerem que caminhões estavam movimentando material do complexo de Fordow poucos dias antes dos bombardeios, levantando a possibilidade de que parte do urânio tenha sido escondido. O presidente Trump, por sua vez, descartou especulações de que o material foi removido, alegando que qualquer movimentação teria sido altamente arriscada e difícil. Ele afirmou que os ataques “aniquilaram” a capacidade nuclear do Irã e que a planta de Fordow foi completamente destruída.
A resposta internacional e o futuro do programa nuclear iraniano
As operações de bombardeio e a resposta do Irã, que incluem lançamentos diários de mísseis, reforçam a tensão na região. Embora as autoridades internacionais e especialistas concordem que os centrifugadores em Natanz e Fordow foram severamente danificados, Grossi acredita que o Irã poderá começar a produzir urânio enriquecido novamente em poucos meses.
Imagens recentes revelam atividades de construção no complexo de Fordow, sugerindo que o Irã pode estar se preparando para restaurar suas capacidades rapidamente. A construção de novos acessos e o uso de equipamentos pesados são evidências de que o país está tomando medidas para superar os danos causados pelos bombardeios.
A situação continua a ser monitorada e discutida por especialistas em não proliferação e diplomatas ao redor do mundo, uma vez que a possibilidade de um Irã armado nuclearmente representa um desafio significativo para a estabilidade global e regional.
A guerra de 12 dias não apenas reacendeu as tensões entre o Irã e Israel, mas também levantou questões sobre a eficácia das intervenções militares em instalações nucleares protetoras e o futuro do programa nuclear do Irã. À medida que a situação evolui, o mundo aguarda medidas adicionais que podem ser tomadas por líderes globais para evitar uma escalada da crise.