O mês de junho marcou a primeira redução no preço dos alimentos após nove meses seguidos de alta, o que contribuiu para que a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelere pelo quarto mês consecutivo, encerrando em 0,24%. No entanto, a conta de luz mais cara, impulsionada pela bandeira vermelha, foi o principal fator que pressionou o índice de junho.
Inflação de junho e comportamento dos grupos de preços
Desde fevereiro de 2025, o IPCA vem mostrando tendência de desaceleração, passando de 1,31%, em fevereiro, para 0,24%, em junho. Apesar disso, o acumulado de 12 meses atingiu 5,35%, ficando pelo sexto mês seguido acima do teto da meta do governo, que é de 4,5%. Em abril, esse índice alcançou o pico anual de 5,53%, configurando estourar a meta.
Dos nove grupos de preços monitorados pelo IBGE, apenas alimentos e bebidas tiveram queda, de 0,18%, influenciados por recuos em itens como ovos, arroz e frutas. Os demais grupos apresentaram altas, com destaque para habitação, que subiu 0,99%, e transportes, com avanço de 0,27%.
Alimentos: queda devido à maior oferta e safra favorável
O grupo alimentação, responsável pela maior pressão na inflação nos últimos meses, apresentou recuo de 0,18% em junho. Itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%) puxaram essa baixa. Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, atribui a esse movimento aos bons números da safra atual, que aumentaram a oferta de alimentos.
Apesar da queda no grupo alimentação no domicílio, o café manteve alta, de 0,56%, acumulando alta anual de 77,88%. A alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46%, após marcar 0,58% em maio.
Conta de luz pressionou inflação para cima
O item que mais impactou o IPCA foi a energia elétrica, que subiu 2,96% em junho, contribuindo com 0,12 ponto percentual no índice. O aumento ocorreu principalmente devido à bandeira tarifária vermelha no patamar 1, que acrescenta aproximadamente R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, refletindo a piora na previsão de geração hídrica e a necessidade de acionamento de usinas termelétricas mais caras.
O IBGE também identificou reajustes nas contas de luz em cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. Segundo Gonçalves, se excluirmos a energia, o IPCA ficaria em 0,13%.
Transportes: avanço apesar da queda no preço dos combustíveis
O grupo transportes registrou alta de 0,27%, impactando o índice em 0,5 ponto percentual. Apesar do recuo de 0,42% nos combustíveis, o transporte por aplicativo teve alta expressiva de 13,77%. O índice de difusão, que mede a porcentagem de produtos com aumento de preços, foi de 54%, o menor desde julho de 2024, indicando que menos produtos tiveram alta em junho.
INPC: inflação para as faixas de menor renda
O IBGE divulgou também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 0,23% em junho, acumulando 5,18% em 12 meses. A diferença entre o INPC e o IPCA reside na população de abrangência: o INPC foca nas famílias com renda de até cinco salários mínimos, enquanto o IPCA considera famílias com rendimento de até 40 salários mínimos.
O INPC costuma influenciar diretamente reajustes salariais, uma vez que o índice é utilizado para determinar correções em remunerações ao longo do ano.
Para mais detalhes, acesse a matéria completa no site da Agência Brasil.