A inflação brasileira apresentou sinais de desaceleração em junho, com o índice IPCA registrando alta de 0,24%, ante 0,26% em maio, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. A tendência é que a variação acumulada em 12 meses diminua, atualmente em 5,35%, com projeções de analistas de que o índice possa fechar o ano pouco abaixo de 5%.
Indicadores do IPCA apontam para melhora na inflação
Além da desaceleração da taxa mensal, o índice de difusão, que mede o percentual de itens com variação positiva, caiu de 60% para 54%. Segundo André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, junho marcou a primeira deflação de alimentos e bebidas desde agosto de 2024, indicando uma possível descompressão inflacionária no setor de alimentos e bebidas.
Impacto das tarifas americanas na inflação brasileira
No entanto, o cenário permanece incerto devido às tensões comerciais e à nova tarifa de importação de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Especialistas alertam que essa medida aumenta a incerteza econômica e pode impactar tanto para cima quanto para baixo na curva inflacionária.
Variação cambial e pressões inflacionárias
De acordo com Luiz Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, uma desvalorização do real de 10% eleva o IPCA em cerca de 0,4 ponto percentual, o que, se o dólar voltar a níveis próximos de R$ 6,00, impulsionaria a inflação para cerca de 5,5%. Braz, do FGV Ibre, destaca que o enfraquecimento do real cria mais incertezas com reflexos na expectativa de inflação e na cotação do dólar, vetor de dispersão de preços.
Além das pressões cambiais, as tarifas também afetam setores como o de frutas, com tarifas dos EUA preocupando a fruticultura brasileira, que exportou US$ 148 milhões em 2024. O impacto, no entanto, ainda é difícil de avaliar, segundo Livio Ribeiro, economista da BRCG.
Reações à política tarifária dos EUA
Especialistas assinalam que a possibilidade de o governo americano retroceder na implementação da tarifa de 50% é grande, dado o caráter político da decisão. Entretanto, Luiz Roberto Cunha, da PUC Rio, acredita que Trump não irá recuar desta vez, pois a decisão é motivada por questões políticas e de relatoria internacional.
Consequências para as exportações e o mercado interno
A medida pode afetar o preço de produtos essenciais, como trigo e carnes, além de tornar mais caro o uso de tecnologias e componentes importados dos EUA, o que pode elevar custos de produção e pressão inflacionária. Ainda assim, o impacto sobre os empregos e a economia será avaliado conforme a reação do mercado.
Perspectivas de curto prazo e desafios futuros
Embora a inflação esteja em ritmo de desaceleração, o cenário político e externo traz incertezas que dificultam a trajetória da meta inflacionária. O Banco Central enfrenta dificuldades para conter a alta, especialmente no segmento de alimentos, devido às turbulências políticas e às oscilações cambiais, conforme observa Braz.
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