O IPCA de junho, divulgado nesta quinta-feira às 9 horas, mostrou que a inflação ficará fora do intervalo de tolerância pela primeira vez desde a adoção do novo sistema de meta contínua, implantado em janeiro de 2025. O resultado reforça a discussão sobre a flexibilização na política de metas de inflação do Banco Central, que desde 2023 vinha sendo defendida por autoridades como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nova sistemática de meta contínua e o cenário atual
Estabelecida por meio de decreto em junho de 2024, a meta contínua visa acompanhar a inflação ao longo do tempo, com o objetivo de manter a inflação próxima dos 3,0%, dentro de um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Diferentemente do sistema anterior, que verificava anualmente se a inflação estava dentro do limite, agora a avaliação é feita por períodos de seis meses consecutivos de descumprimento ou cumprimento.
De acordo com projeções do Banco Central, a inflação para o encerramento de 2025 deve fechar em torno de 5,5%, avançando para 4,5% no final de 2026. Assim, o resultado de junho deve marcar o sexto mês seguido fora do limite de tolerância, obrigando o presidente do BC, Gabriel Galípolo, a redigir sua segunda carta de justificativa em seis meses.
Implicações do descumprimento da meta contínua
Com o novo modelo, a exigência de que a inflação fique fora do intervalo por seis meses consecutivos para justificar a atualização da meta reforça a flexibilidade do Banco Central em relação ao controle inflacionário. Para o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, essa mudança permite maior capacidade de reagir a choques econômicos ao longo do tempo, diferentemente do sistema anterior que se apoiava em limites temporais rígidos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já defendia publicamente essa abordagem desde 2023, destacando que a meta contínua oferece maior liberdade para estabelecer trajetórias de recuperação inflacionária sem a rigidez do calendário gregoriano.
Perspectivas futuras e o papel da comunicação
Esperada para a próxima avaliação, a nova carta de Galípolo deverá continuar justificando a trajetória de inflação acima do teto da meta. A comunicação constante, segundo especialistas, é fundamental para a ancoragem das expectativas de mercado e para que a inflação converja para a meta ao longo do tempo, mesmo em cenários de choque exógeno.
A experiência internacional, como a do Federal Reserve nos Estados Unidos, mostra que sistemas de meta de inflação contínuos oferecem maior flexibilidade e tempo para ajustes, o que é visto como positivo para estabilizar a economia brasileira, na avaliação do economista Luciano Costa.
Segundo projeções, a inflação deve desacelerar gradualmente e alcançar o teto de 4,5% apenas ao fim de 2026, após um período de ajuste promovido por meio de política monetária. A expectativa é que essa estratégia responsável contribua para uma maior estabilidade no médio prazo.
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