A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma alta de 0,24% em junho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, o país acumula alta de 5,35% nos últimos 12 meses, valor que extrapola o limite superior da faixa de tolerância da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Inflação acima do limite e medidas do Banco Central
De janeiro a junho, o IPCA acumulou média de 6,93%, evidenciando que a inflação oficial do país ficou além do teto de 4,5% por seis meses consecutivos, o que, segundo as regras vigentes, configura descumprimento da meta contínua. Como consequência, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deverá publicar uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando as razões do desvio e detalhando as ações que serão adotadas para o controle dos preços.
“A meta central de inflação é de 3% ao ano, com uma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, uma variação entre 1,5% e 4,5% sem que seja considerado descumprimento”, explicou o, gerente do IBGE, Fernando Gonçalves.
Energia elétrica dispara e influencia os preços
Entre os fatores que mais pesaram na inflação de junho, destaca-se a alta de 6,93% na energia elétrica residencial no primeiro semestre de 2025. Segundo Gonçalves, o impacto individual da energia corresponde a 0,27 ponto percentual no índice acumulado do período, a maior variação para o primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%.
Ele explica que essa trajetória reflete variações nas bandeiras tarifárias. “No início do ano, houve queda devido ao bônus de Itaipu, seguida de reversão em fevereiro, bandeira verde, e, mais recentemente, a entrada na bandeira amarela e, agora, a vermelha”, destacou.
Alta generalizada nos grupos de preços
Oito dos nove grupos do IPCA apresentaram alta em junho. Os maiores aumentos ocorreram em:
- Habitação: 0,99%
- Vestuário: 0,75%
- Transportes: 0,27%
- Artigos de residência: 0,08%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,07%
- Despesas pessoais: 0,23%
- Comunicação: 0,11%
O único item que apresentou redução foi alimentação e bebidas, com queda de 0,18%.
Perspectivas e ações futuras
Especialistas alertam para o impacto da inflação na vida dos consumidores, especialmente com o aumento na conta de energia. Em resposta, o governo anunciou que o novo programa da Tarifa Social de Energia vai oferecer descontos de até 100% na conta de luz de famílias cearenses, beneficiando principalmente os mais vulneráveis.
Segundo fontes do Ministério de Minas e Energia, melhorias na política tarifária e medidas de contenção de despesas são prioridades para conter a escalada de preços e estabilizar a economia.
Esta reportagem está em atualização.