Após a cúpula do Brics no Rio de Janeiro, a Índia trabalha para desacelerar a tensão provocada pelas recentes ameaças tarifárias do governo de Donald Trump. A estratégia visa evitar que o país prejudique suas relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos, ao mesmo tempo em que reafirma seu papel dentro do grupo de países em desenvolvimento.
Índia mantém postura de neutralidade em relação às tarifas dos EUA
De acordo com fontes próximas às autoridades indianas ouvidas pela agência Bloomberg, Nova Déli afirma que não tem intenção de desafiar o domínio global do dólar ou se envolver em confrontos econômicos com Washington. “A Índia acompanha de perto as ameaças tarifárias, mas não vê motivo imediato para alarme”, comentou um diplomata sob condição de anonimato.
Relacionamentos estratégicos e o papel do Brics
Apesar de seu posicionamento de neutralidade, a Índia ressalta que seu foco é fortalecer alianças estratégicas sem abrir mão de sua autonomia. Autoridades indianas destacam que sua postura na questão monetária visa apenas reduzir riscos comerciais, diferentemente de uma proposta de criar uma moeda única do Brics, que não é apoiada oficialmente pelo país.
“Trump está descontente com alguns membros do Brics que discutem uma moeda de reserva alternativa”, afirmou Mohan Kumar, ex-diplomata indiano e especialista na Organização Mundial do Comércio. Kumar reforça que a Índia tem uma política de comércio em moedas locais e não se encaixa na visão de desdolarização promovida por outros países do grupo.
Recomposição das relações e o papel da Índia no próximo mandato do Brics
Com a Índia assumindo a presidência rotativa do Brics em 2026, o país busca se diferenciar de China e Rússia, que defendem uma postura mais oposicionista aos EUA. “A estratégia da Índia é manter sua relação com Washington, valorizando seu papel como parceiro estratégico, e evitar conflitos desnecessários”, afirmou uma fonte do Ministério do Comércio e Indústria, que preferiu não se manifestar publicamente.
Durante a visita oficial do primeiro-ministro Narendra Modi ao Brasil, na última semana, não houve discussão direta sobre as ameaças tarifárias de Trump, segundo declarou o diplomata P. Kumaran. “Não tivemos a oportunidade de tratar desse tema”, afirmou Kumaran em coletiva de imprensa.
Contexto internacional e a influência de Donald Trump
O presidente dos EUA tem rotulado o grupo do Brics de “antiamericano” e afirmou que a tentativa de minar o dólar está entre os objetivos do bloco. Na última quarta-feira, Trump anunciou uma nova rodada de tarifas, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil, uma das mais altas até o momento, prevista para agosto.
Apesar do clima de tensão, autoridades indianas garantem que não há motivos para preocupação imediata. “A visão do governo americano é de que o Brics busca desafiar o domínio do dólar, mas a Índia não compartilha dessa meta”, reforçou Kumar. A postura estratégica de Nova Déli é de manter sua autonomia, mesmo diante das crescentes pressões internacionais.
Perspectivas futuras e o impacto nas relações internacionais
Conforme o Brasil e a África do Sul criticaram publicamente as declarações de Trump, a Índia optou por uma postura de abstenção, tentando equilibrar sua relação com os EUA e seus interesses internos no Brics. Com a presidência do bloco prevista para 2026, Nova Déli busca consolidar uma posição de liderança que respeite sua autonomia econômica e sua influência internacional, sem se aprofundar em conflitos com Washington.
Especialistas alertam que o momento exige atenção às negociações comerciais e às mudanças na geopolítica mundial, especialmente diante da forte retórica tarifária de Trump, que mantém o世界 assombrado pela incerteza das próximas ações do governo americano.