Brasil, 11 de julho de 2025
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Estupro de participante de reality expõe racismo cotidiano e desconhecimento

Após uso casual de termo racista na TV, participante de Love Island USA foi demitida, revelando a desinformação e o impacto de palavras ofensivas

Nesta semana, a saída de Cierra Ortega do reality show Love Island USA ganhou destaque por um motivo incomum: o uso aparentemente casual de uma palavra racista por parte dela, que levou à sua demissão oficial. O episódio revelou não apenas o preconceito enraizado na cultura popular, mas também a falta de conscientização sobre o quão ofensiva essa linguagem pode ser.

O que aconteceu com Cierra Ortega no Love Island USA?

A participante, de 25 anos, deixou o programa após uma controvérsia envolvendo termos racistas que ela utilizou em públicos e redes sociais. Apesar da narrativa da produção — que afirmou que a saída foi por “situação pessoal” —, internautas descobriram posts antigos onde ela usava expressões racialmente carregadas, como a palavra “chink”, um termo pejorativo contra pessoas de origem asiática.

Nos comentários antigos, Ortega descrevia procedimentos estéticos usando o termo de maneira casual, como em uma história do Instagram de fevereiro de 2023, em que ela dizia: “Posso ficar um pouco chinky quando rio/sorrio”. Essa palavra, amplamente considerada um insulto racista, tem raízes no século XIX, quando foi utilizada para desumanizar imigrantes asiáticos nos Estados Unidos.

Reação pública e a importância do entendimento

Apesar de muitos espectadores não reconhecerem inicialmente a gravidade da palavra, o episódio reacendeu o debate sobre ignorância e racismo institucionalizado. Especialistas apontam que a normalização do termo em certas culturas, inclusive na música e na internet, contribui para sua aceitação indevida.

“O uso de ‘chinky’ como um descritor comum reflete o quanto o racismo anti-asiático foi normalizado, principalmente quando disfarçado de elogio”, explica a professora Julia H. Lee, da Universidade da Califórnia, Irvine. Ela lembra que tais palavras representam uma longa história de opressão e exotização dos asiáticos.

Histórico e impacto do termo racista

Desde a chegada de imigrantes chineses no século XIX, a palavra tem sido um símbolo de ódio e exclusão. No século passado, ela foi usada como uma arma de discriminação sistemática, como na Lei de Exclusão da China de 1882. Hoje, ela aparece com um uso um pouco mais “casual” em redes sociais, principalmente entre jovens, o que reforça sua normalização.

Chefes de instituições e ativistas destacam que a linguagem racista age como uma forma de violência que passa por um disfarce de admiração ou descrição de características físicas, perpetuando estereótipos prejudiciais.

Por que o racismo é minimizado ou mal interpretado?

Muitos internautas admitem que desconheciam a carga discriminatória da palavra. “Não sabia que ‘chink’ era uma ofensa tão grave”, comentou uma internauta no Twitter. Outros atribuem a compreensão limitada ao fato de não conviverem com a comunidade asiática, ou ao uso frequente em músicas de rap, como ilustrado em letras do grupo Migos.

No entanto, especialistas alertam que essa compreensão superficial reforça a invisibilidade da violência racial, especialmente contra asiáticos, que muitas vezes é minimizada ou ignorada.

Reflexão e avanços necessários

O incidente no reality show expôs o quanto ainda há por aprender sobre empatia e respeito às minorias. Professores literários e estudiosos de sociologia ressaltam que o combate ao racismo precisa passar pelo entendimento histórico e pelo reconhecimento de que palavras carregadas de preconceito têm um efeito muito maior do que parecem.

“Afinal, o uso de termos racistas não é só uma questão de má escolha de palavras, mas de perpetuação de uma cultura de desumanização”, afirma a especialista Joey S. Kim, da Universidade de Toledo. “A educação e o diálogo são essenciais para desafiar essas atitudes e promover uma sociedade mais consciente.”

Perspectivas para o futuro

Apesar do episódio triste, há esperança de que essa discussão gere um impacto positivo na conscientização social. As consequências para Ortega — que enfrentou ameaças e ataques online — também evidenciam o peso do racismo disfarçado na linguagem cotidiana e a necessidade de o público refletir sobre suas próprias posições e percepções.

Reforçar o conhecimento sobre o significado e o impacto de palavras racistas é um passo importante para diminuir o preconceito e promover uma sociedade mais justa e informada.

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