As ações da Embraer despencaram na bolsa nesta quinta-feira (10) após o anúncio do governo dos Estados Unidos de aumentar a tarifa de importação de produtos brasileiros de 10% para 50%, prevista para entrar em vigor em agosto. A fabricante de aviões, com sede em São José dos Campos (SP), avalia os possíveis impactos da medida sobre suas operações no mercado norte-americano.
Tarifa americana e possíveis repercussões na Embraer
Na última quarta-feira (9), o presidente Donald Trump anunciou a elevação da tarifa para 50% sobre produtos exportados pelo Brasil, o que deve elevar o custo de exportação da Embraer. A empresa informou, em nota oficial, que está avaliando as consequências dessa medida, que será discutida em uma conferência de resultados agendada para 5 de agosto.
Segundo a Embraer, a nova tarifa poderá impactar o setor de aviação brasileiro, e a companhia trabalha junto às autoridades para reverter a cobrança, buscando a manutenção da alíquota zero de impostos de importação para o segmento.
Reação do mercado e análise dos impactos
Desde o anúncio, as ações da Embraer (EMBR3) chegaram a recuar cerca de 7%, cotadas a R$ 72,75 às 11h15, refletindo o temor de uma possível guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos. O Ibovespa também caiu 0,74%, aos 136.459 pontos.
A XP Investimentos apontou que a Embraer é a empresa mais afetada entre suas coberturas, com aproximadamente 24% de sua receita exposta ao mercado norte-americano. O relatório alerta para uma possível queda de 14% a 15% no lucro da companhia, devido ao aumento dos custos na produção dos jatos, especialmente os executivos, que têm montagem final na Flórida.
Cenário financeiro e projeções
Atualmente, a tarifa de exportação de 10% representa um custo de aproximadamente US$ 360 milhões para a Embraer. Com a elevação para 50%, esse valor pode saltar para US$ 1,8 bilhão — um aumento de 400%. A entrega de aviões planejada até 2027, que inclui encomendas de companhias como American Airlines e SkyWest, pode ser afetada pelo aumento de custos e possíveis adiamentos.
Economista Lucy Aparecida de Sousa, do Conselho Regional de Economia, afirmou ao G1 que ainda é cedo para avaliar o impacto completo da medida, mas que há sinais de uma possível desaceleração nas novas encomendas devido às negociações que estão em andamento. “Espero que o impacto seja o menor possível para os trabalhadores”, afirmou.
Perspectivas futuras e ações da Embraer
A fabricante brasileira informou que irá liderar uma discussão interna sobre o tema, além de trabalhar com autoridades para tentar restabelecer a tarifa zero. A expectativa é que, na conferência de resultados em agosto, a companhia possa apresentar um panorama mais claro sobre os efeitos da medida do governo americano.
Com forte presença no mercado norte-americano, a companhia enfrenta o desafio de manter suas operações e entregas em meio ao aumento das tarifas, que pode afetar suas receitas e o planejamento de projetos futuros.