Na manhã desta quinta-feira (10), o dólar avançou 1,79%, cotado a R$ 5,5995, refletindo o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a implementação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. A cotação chegou a R$ 5,6030 na máxima do dia. Essa medida impacta setores estratégicos da economia do Brasil, como petróleo, carne, café, aço e alumínio.
Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provoca alta do dólar
Segundo a carta enviada por Trump nesta quarta-feira (9), a tarifa se aplicará a todas as exportações brasileiras, separada das tarifas setoriais já existentes, como as de aço e alumínio, hoje em torno de 50%. A decisão do americano ocorre em resposta às alegações de que o Brasil mantém tarifas e barreiras comerciais injustas, além de gerar um déficit comercial insustentável para os EUA, que, segundo Trump, ameaça a economia e a segurança nacional.
O impacto imediato na cotação do dólar foi sentido após o anúncio, que fez a moeda subir 1,79%, fechando em R$ 5,5995. O movimento destaca a preocupação do mercado financeiro, que teme o aumento de custos de produção e de preços ao consumidor, além de possíveis pressões inflacionárias se as tarifas forem aprofundadas.
Reação do Brasil e cenário internacional
Em resposta às tarifas, o presidente Lula afirmou que o Brasil não aceitará ser tutelado por outros países e prometeu reagir com base na Lei da Reciprocidade Econômica, que prevê tarifar produtos dos EUA na mesma proporção. O governo brasileiro também reforçou que a medida de Trump pode ser contraproducente, prejudicando as exportações brasileiras, especialmente setores como petróleo, carne bovina, café e aço.
Trump justificou as tarifas como uma retaliação às barreiras comerciais impostas pelo Brasil, alegando que o comércio bilateral apresenta déficit insustentável para os EUA. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil tem tido déficits comerciais consecutivos com os norte-americanos desde 2009, há 16 anos.
Contexto econômico e mercado financeiro
A semana foi marcada por uma escalada nas tensões comerciais, com Trump enviando cartas a líderes de diversos países estabelecendo tarifas mínimas a partir de 1º de agosto. Além do Brasil, Argélia, Brunei, Filipinas, Iraque, Líbia, Moldávia e Sri Lanka também receberam notificações, indicando uma estratégia dos EUA de fortalecer sua posição nas negociações internacionais.
No Brasil, a alta do dólar acompanha a preocupação com os efeitos inflacionários da medida e a divulgação do IPCA de junho, que deve evidenciar mais um estouro na meta de inflação do país. O Banco Central prepara-se para uma possível nova carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçando a vigilância sobre o cenário econômico.
Impactos futuros e perspectivas
Se as tarifas forem aplicadas e o Brasil optar por retaliar, os efeitos no comércio internacional podem se intensificar, elevando custos e influenciando as taxas de juros globais. A expectativa é de que o cenário de incerteza endureça a política monetária americana, mantendo os juros mais altos por mais tempo e fortalecendo o dólar. A nova data de retomar as tarifas, até então prevista para 1º de agosto, reforça a volatilidade do mercado nesta semana.
Para o mercado brasileiro, o momento exige atenção às variações cambiais e às possíveis repercussões na inflação e na atividade econômica. As próximas semanas serão decisivas para entender o desdobramento das negociações comerciais e o impacto na economia brasileira e internacional.
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