Brasil, 11 de julho de 2025
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Controvérsia sobre palavra racista em reality evidencia ignorância e prejuízos

Um episódio recente do reality Love Island USA reacendeu debates sobre racismo, com muitas pessoas desconhecendo a carga ofensiva de uma palavra comum.

Nesta semana, durante a exibição do reality show Love Island USA, uma participante, Cierra Ortega, saiu do programa após o uso de uma palavra com forte carga racista contra asiáticos ter vindo à tona. A explicação foi dada de forma sutil pelo narrador do programa, sem detalhes específicos, levando a uma confusão inicial entre os espectadores menos interessados nos bastidores.

Pronunciamentos e reações à controvérsia do termo racista

Enquanto Ortega, de 25 anos, não se pronunciou oficialmente, sua família divulgou nas redes sociais que ela vem recebendo ameaças e ataques, o que é considerado injusto por especialistas em relações raciais. Em contrapartida, alguns usuários na internet questionaram por que a rede NBCUniversal, responsável pelo Peacock, demorou a agir após a identificação do uso da palavra ofensiva, enquanto outro participante, Yulissa Escobar, foi rapidamente dispensada por causa de comentários anteriores.

Detalhes revelaram que Ortega usou a palavra “chink” em postagens antigas e de forma casual, como uma descrição de sua aparência, em contextos que sugeriam normalidade, o que alarmou muitos espectadores atentos ao episódio. Uma postagem no Instagram de 2023 revelou Ortega explicando que fazia aplicação de Botox e usou a expressão ao falar sobre seus olhos: “Eu também posso ser um pouco chinky quando rio/sorrio…”

História do termo e seu significado racialmente ofensivo

Esse termo, que remonta ao final do século XIX, foi criado como um insulto dirigido aos imigrantes chineses nos Estados Unidos. Utilizado para depreciar e desumanizar, o termo perpetua estereótipos raciais e estetizantes, muitas vezes disguise de admiração. Especialistas alertam que seu uso, mesmo que aparentemente “neutro”, carrega uma longa história de violência e exclusão.

Ao longo dos anos, o uso da palavra se espalhou na cultura popular, inclusive na música e nas redes sociais, onde jovens às vezes a empregam como expressão de descrições físicas. No entanto, estudiosos destacam que essa normalização reforça a visão racializada de determinadas características físicas e alimenta a discriminação contra asiáticos.

Impacto na percepção e na sociedade

Professora Julia H. Lee, da Universidade da Califórnia, Irvine, afirma que o problema não está apenas na palavra, mas na forma como ela reflete a percepção social dos asiáticos nos EUA. “O verdadeiro problema é por que o racismo anti-asiático assume essa forma, e o que isso revela sobre a visão que a sociedade tem desses grupos”, ela explica.

Dados recentes indicam que uma parcela significativa da população americana ainda desconhece a história por trás dessas expressões racistas. Estudos apontam que 1 em cada 4 americanos não possui relacionamento próximo com uma pessoa asiática, o que contribui para a ignorância sobre a complexidade e a dor que esses termos representam.

Transformações culturais e o papel da educação

Ativistas destacam que a conscientização sobre o impacto de palavras racistas é crucial para o combate ao racismo estrutural. Kim Horne, influenciadora coreana, comentou que a discussão acende um alerta importante, especialmente quando celebridades usam expressões semelhantes sem perceber o peso histórico e social delas.

Segundo especialistas, o combate ao racismo linguístico passa pela educação e por uma reflexão contínua sobre os discursos do cotidiano. Como destaca Joey S. Kim, de Ohio, essas expressões muitas vezes parecem admiração, mas na verdade perpetuam o dehumanização.

Perspectivas futuras e necessidade de conscientização

Apesar do episódio polêmico, a repercussão ajudou a abrir um diálogo mais amplo sobre a importância de entender o significado de nossas palavras e suas consequências. Professores e ativistas reforçam que é fundamental que as pessoas conheçam a história por trás de certos termos para evitar reproduzir o racismo inconscientemente.

O caso de Ortega exemplifica como a ignorância pode gerar prejuízos tanto pessoais quanto coletivos. A busca por uma maior compreensão e empatia na sociedade é o próximo passo para construir uma convivência mais justa e consciente.

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