Na semana passada, uma participante do reality show Love Island USA foi desligada do programa após surgirem postagens antigas com uso de uma palavra racialmente carregada contra asiáticos. Apesar de parecer casual, o termo tem uma complexa história de desumanização que poucos conhecem ou reconhecem na atualidade.
Entenda o episódio e sua repercussão na cultura popular
Durante uma fase do programa, a apresentadora anunciou que Cierra Ortega havia saído por uma “situação pessoal”, mas a verdade veio a público após fãs identificarem postagens antigas em que a influenciadora utilizava o termo “chink” várias vezes — expressão pejorativa contra asiáticos. A descoberta gerou protestos nas redes sociais, ameaças e ataques à participante, que ainda não se pronunciou oficialmente.
Enquanto alguns justificaram a palavra como algo comum na cultura pop ou na música, muitos especialistas ressaltam que essa linguagem está enraizada em um histórico de racismo estrutural. “O uso de palavras como essa, mesmo que pareçam neutras ou até carinhosas, reforça estereótipos e desumaniza”, afirma Julia H. Lee, professora de estudos asiático-americanos na Universidade da Califórnia, Irvine.
A história e o peso do termo “chink” na sociedade
Origem e evolução histórica
O termo foi popularizado no final do século XIX, durante a imigração chinesa para os Estados Unidos, quando era utilizado para ridicularizar e marginalizar trabalhadores chineses na construção ferroviária. Segundo Chiung Hwang Chen, professora de comunicação, o uso contínuo da palavra contribuiu para o reforço de um estereótipo racial que persiste até hoje.
Uso contemporâneo e normalização
Hoje, frases como “chinky eyes” aparecem com frequência em músicas, redes sociais e até em procedimentos estéticos, muitas vezes sem compreensão do impacto. A rapper Cardi B, por exemplo, usou a expressão ao falar de sua filha, o que gerou polêmica sobre a normalização do termo como algo “inofensivo”.
Por que a compreensão do racismo ainda é um desafio
Muitos fãs e internautas justificam sua ignorância em relação à carga racista do termo, alegando que não sabiam de sua história de opressão. Pesquisa da Asian American Foundation aponta que 1 em cada 4 americanos não tem contato com uma pessoa de origem asiática, reforçando o desconhecimento sobre a comunidade e suas experiências.
Segundo Russell Jeung, professor de estudos asiático-americanos, o uso do termo se fortalece em contextos onde o racismo é normalizado, especialmente após discursos e políticas de figuras públicas que fomentam o preconceito. “ O coronavírus como ‘vírus chinês’ alimentou a intolerância e o racismo contra asiáticos durante a pandemia”, explica.
Reflexões sobre o racismo na sociedade brasileira e mundial
Para especialistas, o episódio do reality serve como exemplo do quanto ainda há por avançar na conscientização sobre linguagem racista. “É um aprendizado importante reconhecer que palavras aparentemente comuns podem carregar uma história de violência e exclusão”, diz a professora Lee.
Apesar dos ataques e da tentativa de minimizar o impacto do termo, profissionais e ativistas ressaltam a necessidade de educação contínua para desmistificar e combater o racismo velado na linguagem cotidiana.
O que podemos fazer para evitar a perpetuação do racismo linguístico
Especialistas recomendam que a reflexão sobre o impacto das palavras seja prioridade em escolas, na mídia e nas redes sociais. “Questionar e aprender a história por trás de termos ofensivos é uma forma de combater o racismo estrutural presente na nossa sociedade”, conclui Lee.
Ao discutir esses episódios com seriedade, abre-se espaço para maior compreensão e empatia, contribuindo para um ambiente mais inclusivo e consciente.
**Meta descrição:**
Relação de um reality show mostrou a importância de entender o peso de palavras racistas e como a ignorância perpetua o racismo estrutural.
**Tags:** racismo, linguagem ofensiva, cultura pop, racismo estrutural, diversidade