Na última semana, Cierra Ortega, participante do reality show Love Island USA, foi dispensada após viralizar o uso casual de um termo racista contra asiáticos. O episódio reacende o debate sobre conscientização e o impacto de linguagens discriminatórias na televisão e nas redes sociais.
O que aconteceu com Cierra Ortega e a repercussão
Durante sua participação, Ortega utilizou a palavra “chink” — um insulto pejorativo dirigido a asiáticos — em uma história no Instagram, no início de 2023. A expressão, usada de forma aparentemente inconsciente, foi descoberta por internautas que a relacionaram a comentários antigos, onde ela também usou a palavra de maneira similar.
A repercussão foi rápida. Festas de campanha nas redes sociaispediram sua saída do programa, e a produção decidiu exibi-la como “uma questão pessoal”, sem detalhes adicionais. Ortega, até então popular, passou a receber ameaças e ataques, enquanto sua família relatou dificuldades pelo comportamento hostil online, como mostraram publicações no Variety.
Diferença de tratamento entre incidentes
Esse caso contrastou com a rápida resposta da produção diante do uso de um termo similar por Yulissa Escobar, que foi expulsa após antiga gravação de podcast onde usou um insulto racista contra negros. Muitos questionaram o silêncio inicial sobre Ortega, levantando dúvidas sobre critérios de seleção e critérios de intolerância na TV.
Entendimento do termo e sua gravidade
Para quem cresceu ou conviveu com a cultura ou o contexto social que normaliza certas expressões, a palavra “chink” muitas vezes é vista como uma descrição de características físicas, como olhos amendoados ou aparência exótica. No entanto, especialistas ressaltam que o uso casual perpetua o racismo estrutural e desumaniza indivíduos asiáticos, vinculando-os a estereótipos pejorativos.
O passado e a história do termo racial
Desde o século XIX, o termo carrega uma história de preconceito contra imigrantes chineses e demais asiáticos, instaurando uma narrativa de inferioridade e outras. Mesmo atualmente, seu uso reiterado em músicas, discursos e até nas redes sociais reforça uma mentalidade discriminatória, muitas vezes disfarçada de afeto ou ação estética, como ilustra a própria Ortega ao mencionar procedimentos de beleza.
Segundo a professora de estudos afro-americanos e asiáticos Julia H. Lee, os termos racistas funcionam muitas vezes como linguagem de aestheticização, normalizando a violência simbólica diante de expressões de admiração ou autodefinição.
Por que essa discussão é importante
A discussão pública reforça que o uso de palavras racistas, mesmo que casual ou aparentemente “neutro”, traz prejuízos profundos às comunidades atingidas. Muitos ainda desconhecem a origem e o peso histórico de tais expressões, o que reforça a necessidade de educação e conscientização.
Dados recentes mostram que a invisibilidade da comunidade asiática nos Estados Unidos, por exemplo, ajuda a explicar a normalização de alguns termos racistas e a dificuldade de perceberem sua gravidade. A normalização é agravada por discursos políticos e culturais que minimizam ou ignoram o impacto dessas palavras.
Impactos e o caminho à frente
Apesar de polêmicas e exageros, a discussão promove maior entendimento da importância de se combater o racismo linguístico. A responsabilização social e a prática de empatia são essenciais para que julgamentos mais justos e conscientes prevaleçam na mídia e na sociedade.
Conforme afirma a especialista Kim Horne, “quanto mais aprendermos sobre a história por trás dessas palavras, melhor estaremos preparados para desconstruí-las”. O episódio do reality serve como um alerta para o poder da linguagem e a necessidade de educação contínua contra o racismo estrutural.