Nesta quinta-feira, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um amplo projeto de lei que corta impostos e fundos para programas sociais, enviando-o ao presidente Donald Trump para sanção. A medida, que passou por 218 votos a 214 na Câmara, terá impacto profundo na saúde, economia e direitos civis dos americanos, com prejudicial efeito sobre milhões de pessoas.
Impactos na saúde e na proteção social
A nova legislação representa uma reversão das expansões recentes do sistema de segurança social, além de cortar mais de US$ 1 trilhão de programas como saúde e alimentação. Uma das mudanças mais críticas é no setor de Medicaid, onde novas “regras de trabalho” exigirão que adultos não-disables comprovem atividades laborais por 20 horas semanais para manter o benefício, mesmo que essa exigência não garanta acesso efetivo à cobertura.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), essas mudanças poderão prejudicar hospitais rurais e tornar mais difícil o acesso à saúde para populações vulneráveis, especialmente em áreas isoladas. “Este projeto de lei corta o acesso à saúde de quem mais precisa e penaliza os mais vulneráveis”, afirmou Jim McGovern (D-Mass.), antes da votação.
Medidas duras de deportação e fortalecimento do ICE
Além dos cortes sociais, o projeto investe cerca de US$ 150 bilhões no Departamento de Imigração e Alfândega (ICE), para ampliar as operações de deportação e colocar a agência em um patamar de força paramilitar. Detenção de imigrantes, centros de detenção e contratação de agentes terão seus orçamentos aumentados em mais de cinco vezes em relação ao ano anterior, alerta a deputada Alexandria Ocasio-Cortez (D-N.Y.).
Vice-presidente JD Vance chegou a declarar que os recursos destinados ao ICE eclipsam qualquer outro aspecto do projeto, ignorando os impactos sociais e econômicos dessas ações. “Tudo o que importa nesta lei é o dinheiro para deportação e a força de polícia militarizada”, afirmou.
Críticas severas e polarização política
O projeto enfrentou resistência de vários membros moderados do partido republicano, que criticaram os cortes em programas sociais e a severidade das medidas de imigração. Rep. David Valadao (R-Calif.), por exemplo, inicialmente anunciou voto contrário, mas acabou apoiando a medida após pressões. Já democratas, como Jeffries, classificaram o projeto como ataque à saúde e aos direitos civis.
“Esta é uma traição ao povo americano, um projeto cruel e covarde que coloca interesses econômicos de poucos acima do bem-estar comum”, declarou Jeffries durante a sessão de votação.
Perspectivas e consequências futuras
Especialistas alertam que, ao aprovar o projeto, o Congresso endossa um aumento de US$ 3,4 trilhões na dívida nacional, enquanto o crescimento econômico prometido pelos republicanos, baseado em previsões optimistas, pode não se concretizar. Assim, as futuras gerações pagarão o preço por uma legislação que prioriza cortes de impostos para os mais ricos e medidas de austeridade social.
O presidente Trump deve assinar o projeto em breve, marcando uma nova fase na política de austeridade e restrição de direitos dos Estados Unidos, com potencial para aprofundar desigualdades e instabilidade social.