Brasil, 16 de julho de 2025
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Celebridade de reality show usou termo racista sem perceber o impacto

Participante de Love Island USA foi desligada após uso casual de uma palavra racista, evidenciando ignorância e desinformação sobre seu peso histórico

Nesta semana, a participante Cierra Ortega, de Love Island USA, foi expulsa do programa após ser descoberta usando repetidamente um termo racista contra asiáticos, o que gerou forte repercussão social e discussões sobre o racismo disfarçado na linguagem cotidiana.

O significado obscuro do termo e seu impacto na comunidade asiática

O termo “chink” tem raízes profundas no racismo contra chineses e asiáticos no Norte da América, surgindo no século XIX como um insulto pejorativo. Apesar de parecer uma simples descrição estética por Ortega, sua utilização carrega uma longa história de desumanização e estereótipos prejudiciais.

Por exemplo, em 2023, Ortega explicou em stories no Instagram que faz Botox porque “é chinky quando sorri”, referindo-se às pálpebras. Herança de um racismo estrutural enraizado na cultura popular, mesmo usos mais neutros podem reforçar o olhar de exotificação e inferiorização de minorias asiáticas, como explica a professora Julia H. Lee, da Universidade da Califórnia, Irvine.

Reação pública e o papel das redes sociais

Após a revelação, fãs do reality realizaram campanha por sua exclusão, enquanto muitos não sabiam da gravidade do termo, alegando que ele é “menos ofensivo” que outros, como o N-word, utilizado por outros participantes.

“Só descobri que ‘chinky’ era um insulto racial ao ver essa história. Não tinha ideia do impacto”, admitiu uma espectadora na plataforma X. Outros justificaram seu uso por estar habituados a ouvir ou usar o termo na cultura rap ou na internet, sem compreender sua carga de ódio.

A história por trás do termo e o racismo estrutural

Desde o século XIX, com as imigrações chinesas na construção do Oeste americano, o termo foi utilizado de forma pejorativa e consolidou uma narrativa de desumanização. Pesquisadores alertam que palavras como essa funcionam como ferramentas de perpetuação racial ao mascararem preconceitos sob uma aparência de normalidade e abertura estética.

“Essas palavras continuam circulando sob a aparência de admiração, mas na verdade reforçam a violência racial”, afirma Joey S. Kim, professora de inglês na Universidade de Toledo. Para ela, entender a origem dessas expressões ajuda a combater sua reprodução e normalização atualmente.

Por que a ignorância e o uso casual persistem?

Muitos não têm contato direto com comunidades asiáticas, o que, segundo Russell Jeung, professor de estudos asiático-americanos, facilita o uso indiscriminado de palavras racistas. Jeung também destaca o papel de políticos, como Donald Trump, ao normalizar discursos de ódio contra minorias, intensificando o racismo estrutural no país.

Embora a lanchonete do tabloide tenha sido marcada por ameaças e ataques digitais à família de Ortega, muitos especialistas consideram positivo o debate sobre o impacto dessas palavras, reforçando a necessidade de educação e conscientização na sociedade brasileira e global para combater o racismo linguístico.

O que fazer diante dessa realidade?

Especialistas destacam que reconhecer a origem e o peso de palavras racistas é o primeiro passo para combater sua circulação inadvertida. Assim, ações educativas e o diálogo aberto são caminhos essenciais para desativar o racismo presente no cotidiano, mesmo que disfarçado de expressão comum ou estética.

Seja na mídia, na internet ou nas conversas diárias, entender a história por trás de palavras ofensivas é fundamental para promover uma sociedade mais inclusiva e consciente dos efeitos do racismo estrutural.

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