Os dados da inflação oficial, divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o país estourou o teto da meta de inflação pela primeira vez desde a adoção do novo regime de apuração, em janeiro de 2025. Com uma alta de 0,24% em junho, o índice acumula 5,35% em 12 meses, ultrapassando o limite superior de 4,5% por seis meses consecutivos.
Como funciona a nova meta de inflação
Antes de 2025, o regime de metas considerava o resultado anual de janeiro a dezembro, e a meta só era considerada estourada se o IPCA ultrapassasse o limite em dezembro. Agora, com a mudança, a _meta contínua_ permite que a inflação seja avaliada ao longo do tempo, evitando punições automáticas por variações temporárias.
De acordo com o Banco Central, essa evolução visa proporcionar maior flexibilidade na condução da política monetária, especialmente diante de choques de alimentos e petróleo, que podem causar oscilações momentâneas na inflação.
Dados recentes e contexto
O IPCA acumulado ao longo de 12 meses situa-se atualmente em 5,35%, sendo o sexto mês consecutivo acima de 4,5%. O destaque na composição do índice foi o grupo de alimentos e bebidas, com alta de 6,66% no período.
Desde a sua implementação, o regime de metas de inflação já foi descumprido em outros anos, como 2002, quando a inflação atingiu 12,53%, e 2021, com 10,06%. O período de maior estourada foi em 2002, quando o IPCA superou o teto em quase três vezes, devido a choques econômicos e crises.
Reações e responsabilidades
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a meta confere maior segurança às previsões econômicas e mostra o compromisso do BC com a estabilidade de preços. Segundo ele, a previsão é que, mesmo com a ultrapassagem, a inflação retorne aos limites estabelecidos em breve.
Quando a inflação foge do intervalo de tolerância, o BC deve divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, detalhando as causas do excesso e as medidas para o ajuste. Essas cartas estão disponíveis no site do Banco Central.
Impacto na política monetária
A principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação continua sendo a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. A alta nos juros busca conter a demanda e controlar a pressão inflacionária, embora possa desacelerar o crescimento econômico e reduzir investimentos.
De acordo com o presidente do BC, a Selic deve permanecer nesse patamar por um período prolongado para consolidar o retorno à meta, com reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrendo aproximadamente a cada 45 dias.
Mais informações sobre o cenário econômico e as ações do Banco Central podem ser conferidas na fonte oficial.