O ex-presidente Jair Bolsonaro está enfrentando um momento delicado diante do recente tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump. Essa iniciativa, que prevê a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, gerou apreensão entre os seguidores bolsonaristas, que temem um impacto negativo em suas bases. Desde o anúncio da medida, aliados de Bolsonaro têm se mobilizado, pedindo que ele entre em ação para amenizar ou reverter essa decisão. No entanto, até o momento, parece que Bolsonaro não está disposto a pressionar a Casa Branca.
A reação do ex-presidente ao tarifaço
Conforme relatos de pessoas próximas, Bolsonaro está ciente dos desdobramentos relacionados ao tarifaço, mas não demonstra interesse em buscar diálogo com Trump. Em vez disso, sua estratégia parece ser a de distanciar-se das responsabilidades, afirmando que não foi ele quem pediu a aplicação das tarifas, portanto, não se sente obrigado a intervir. Essa postura, porém, pode deixá-lo vulnerável a críticas, especialmente em um cenário político tão acirrado.
Críticas ao governo Lula
Aliados de Bolsonaro expressaram preocupação com a passividade do ex-presidente, temendo que isso abra espaço para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva explorar politicamente a situação. Ao vincular a ação de Eduardo Bolsonaro, seu filho, em solo americano às tarifas elevadas, a administração atual pode ganhar respaldo em segmentos do agronegócio e da indústria, que são cruciais dentro da base bolsonarista.
Ainda que o discurso público seja de que a culpa recai sobre o governo Lula, nos bastidores, o grupo bolsonarista já admite que a responsabilidade pelo desgaste pode voltar-se contra o próprio Bolsonaro e seus filhos. Para atenuar esse efeito, a ordem interna é desvincular Eduardo da taxação e enfatizar a necessidade de focar em outras questões, como as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Impacto nas redes sociais e na política
Um levantamento realizado pela consultoria Bites revelou que, após o anúncio do tarifaço, Lula se tornou a figura política que mais gerou interações nas redes sociais. Isso destaca uma tendência preocupante para o bolsonarismo, com os deputados do governo Lula apresentando duas vezes mais interações que seus pares bolsonaristas. Essa nova dinâmica pode alterar substancialmente a percepção pública sobre ambas as partes, especialmente em um momento em que as dificuldades econômicas se tornam mais evidentes.
Possíveis desdobramentos para a base bolsonarista
O futuro político de Bolsonaro, em grande parte, dependerá de sua capacidade de lidar com o tarifaço de Trump. Se ele conseguir negociar algum tipo de revogação ou redução das tarifas, isso poderá servir como um forte indicativo de sua retomada de influência política. No entanto, a falta de uma ação decisiva até o momento levanta questões sobre a sua relevância e capacidade de resposta em um cenário onde o governo atual parece ganhar terreno.
Em conclusão, o tarifaço imposto por Trump não é apenas uma questão econômica; é também um jogo político complexo que pode influenciar as relações entre Bolsonaro e seu eleitorado. Com a pressão de seus aliados e o posicionamento cada vez mais forte do governo Lula, aquele que era considerado um ícone do conservadorismo brasileiro pode se ver numa posição delicada, enfrentando não só os desafios externos, mas também as críticas internas que se avolumam em um ambiente político cada vez mais competitivo.