As ações da Embraer, uma das principais empresas do setor aeroespacial brasileiro, enfrentaram uma forte queda na Bolsa de Valores nesta quinta-feira. O movimento no mercado reflete a preocupação generalizada acerca dos impactos que podem advir das novas tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Queda nas ações e reações do mercado
Por volta das 11h15, as ações ordinárias da Embraer (EMBR3) registraram uma diminuição de 6,88%, com preços caindo para R$ 72,75. Durante o dia, o valor chegou a ser negociado na casa dos R$ 71,63, seu menor patamar. Na mesma janela de tempo, o Ibovespa apresentou uma baixa de 0,74%, atingindo 136.459 pontos.
O recuo das ações suscita preocupações sobre uma possível guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos. A XP Investimentos emitiu um relatório alertando para “impactos potenciais” nas operações da Embraer devido à significativa presença da empresa no mercado americano.
Impactos financeiros das tarifas
As análises indicam um risco de redução de 14% a 15% no lucro da Embraer. Isso se deve ao fato de que a montagem final dos jatos executivos ocorre na Flórida, enquanto as peças são produzidas no Brasil. Com o aumento dos custos decorrente das novas tarifas, a demanda pode cair, resultando em adiamentos nas entregas.
De acordo com o balanço do primeiro trimestre, a Embraer possui 181 aviões comerciais encomendados por seis companhias aéreas nos Estados Unidos, incluindo American Airlines e SkyWest. Além disso, a empresa também conta com 60 aviões encomendados pela SkyWest durante o Paris Air Show, em junho, em um contrato avaliado em US$ 3,6 bilhões. Esses números ajudam a dimensionar o impacto que as novas tarifas podem causar.
Atualmente, a tarifa de exportação sobre produtos aviários é de 10%, uma imposição que representa um custo de cerca de US$ 360 milhões. Com a nova tarifa de 50%, a ser implementada em agosto, o custo saltaria para impressionantes US$ 1,8 bilhão, representando um aumento de 400%.
O panorama econômico e opiniões de especialistas
A economista Lucy Aparecida de Sousa, do Conselho Regional de Economia, enfatiza que, apesar das quedas e incertezas atuais, ainda é prematuro prever os impactos mais amplos das novas tarifas. “O setor já começou a reagir. Todo mundo está avaliando a situação, mas o que ouço é que poderia ocorrer um atraso nas próximas encomendas enquanto as negociações seguem em andamento. Espero que o impacto para os trabalhadores seja o menor possível”, comentou Sousa.
A Embraer foi contatada pela equipe do g1 para comentar a respeito das novas tarifas e seus efeitos, mas optou por não se pronunciar.
É inegável que o ambiente atual exige cautela e análise meticulosa de todas as variáveis que podem afetar a empresa e, por conseguinte, o mercado brasileiro como um todo. As próximas semanas serão cruciais para entender a magnitude dos danos potenciais e as estratégias que a Embraer poderá desenvolver para mitigar os impactos das novas tarifas.
Acompanhe as atualizações do mercado e as reações da Embraer em relação a essas afirmações e propostas nos próximos dias, pois a situação continua a evoluir.
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