A morte sempre foi um tabu na sociedade e frequentemente evitamos discussões sobre o fim da vida. No entanto, a realidade é que, diante de diagnósticos de doenças graves, a conversa torna-se essencial, não apenas para o bem-estar do paciente, mas também para o suporte de familiares e amigos. O entendimento e a aceitação de que, em certos momentos, não há mais intervenções para a cura, são difíceis, mas a continuidade do cuidado é primordial. É aqui que entra a medicina de cuidados paliativos, uma abordagem que busca oferecer conforto, dignidade e qualidade de vida, especialmente a pacientes que não têm expectativa de cura.
Cuidados paliativos: um acolhimento necessário
Os cuidados paliativos vão além do tratamento da doença. Eles se concentram na qualidade de vida, abordando aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais do paciente. Essa assistência é prestada por uma equipe multiprofissional que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, garantindo que o paciente e sua família recebam todo o suporte necessário durante essa fase tão desafiadora.
Um exemplo emblemático desse tipo de assistência é o primeiro hospital dedicado aos cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS), que foi inaugurado em Salvador. Completando seis meses de funcionamento em julho de 2025, essa unidade já atendeu mais de 700 pacientes. A iniciativa é fundamental em um país onde o acesso a cuidados especializados ainda é um desafio. O hospital não só acolhe pacientes, mas também dá suporte emocional e psicológico aos familiares, algo essencial para lidar com o luto e a dor da perda.
Entrevistas e insights no podcast Eu Te Explico
No episódio 141 do podcast “Eu Te Explico”, o apresentador Fernando Sodake conversa sobre a importância dos cuidados paliativos com especialistas da área. Entre eles estão a médica paliativista Patrícia Cerqueira, que é coordenadora da Pediatria do Hospital Mont Serrat de Cuidados Paliativos, e Aline Guimarães, uma médica especialista em geriatria. Também participa da conversa a psicóloga Juliana Beltrão, que faz parte do time de cuidados paliativos do Grupo Oncoclínicas.
As especialistas destacam que a abordagem paliativa não busca acelerar ou retardar a morte, mas sim garantir que os pacientes vivam o mais confortavelmente possível até o fim, respeitando suas vontades e desejos. Patrícia Cerqueira enfatiza a importância de discutir a morte e o processo de morrer, pois isso pode criar um ambiente mais acolhedor tanto para os pacientes quanto para os familiares.
Como a assistência paliativa pode impactar famílias
A dor não é sentida apenas pelo paciente; as famílias, muitas vezes, passam por um sofrimento intenso e prolongado. A assistência paliativa não se limita apenas ao cuidado dos doentes, mas também abrange o suporte emocional e psicológico necessário para as famílias enfrentarem o luto. A presença de profissionais capacitados pode fazer toda a diferença nesse processo, proporcionando um espaço seguro para que os familiares expressem sua dor, medos e inseguranças.
A importância de dialogar sobre a morte
Falar sobre a morte e os cuidados paliativos ainda é um tabu que precisa ser desmistificado. Discussões abertas sobre esse tema podem ajudar as pessoas a compreenderem melhor a importância dessa assistência, promovendo aceitação e alívio frente à dor e ao sofrimento. O episódio do “Eu Te Explico” busca trazer esses assuntos à tona, mostrando que a morte é uma parte da vida e que, com o auxílio adequado, é possível tornar esse processo um pouco menos difícil.
A iniciação de diálogos sobre cuidados paliativos é crucial não apenas para os envolvidos diretamente, mas também para a sociedade como um todo. Ao aceitarmos e discutirmos a morte, estamos nos preparando para viver melhores e mais saudáveis, até mesmo nesses momentos de transição.
Ouvindo o podcast, os ouvintes podem aprofundar-se na temática e encontrar informações valiosas que podem ajudar tanto na prática clínica quanto nas questões emocionais enfrentadas por pacientes e suas famílias. O episódio está disponível em plataformas como G1, GloboPlay, Spotify, Deezer e Amazon Music.
Que essa discussão e a implementação de cuidados paliativos possam se expandir, proporcionando dignidade e conforto a todos os brasileiros que enfrentam a dor e a iminência da perda.
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