Uma das tarefas mais desafiadoras que um treinador enfrenta é a necessidade de tomar decisões que possam desagradar alguns. A recente e humilhante derrota do Real Madrid para um Paris Saint-Germain avassalador destacou essa realidade e trouxe à tona a responsabilidade de Xabi Alonso, que tem apenas um mês no cargo e já se depara com a pressão intensa dos torcedores e da direção do clube.
Um início turbulento no Real Madrid
Ao assumir o comando do time merengue, Alonso herdou uma equipe desorganizada, resultado de uma temporada frustrante sob a gestão de Carlo Ancelotti, que não conseguiu conquistar nenhum título. Para a exigente torcida do Real Madrid, assim como para o presidente Florentino Pérez, essa realidade é inaceitável. Em sua estreia, o empate com o Al Hilal teve um gosto amargo, e embora a vitória contra o Pachuca tenha seguido, ela se mostrou tímida e sem brilho.
No terceiro jogo, um ponto de virada: Alonso implementou o sistema de três zagueiros que havia utilizado com sucesso no Bayer Leverkusen. Esta mudança tática trouxe um novo equilíbrio à equipe, que, pela primeira vez em anos, parecia projetar um plano tático coeso. Os torcedores e a imprensa ficaram empolgados com a ousadia do treinador, que reverberou uma sensação de renovação e esperança no Santiago Bernabéu.
Ascensão e desafios com a jovem promessa Gonzalo
Além da nova tática, o desempenho de Gonzalo, um jovem atacante da base, tornou-se um fator determinante. Com a lesão de Endrick e os problemas físicos de Kylian Mbappé, ele ganhou espaço e marcou em quatro dos cinco jogos como titular. Em um clube que tradicionalmente possui poucas revelações ofensivas, Gonzalo se tornou rapidamente um xodó da torcida.
Contudo, a recuperação de Mbappé colocou Alonso em uma posição delicada. Ele teve que escolher entre manter a formação que proporcionava estabilidade e sucesso ou ajustar o time para acomodar as estrelas. A decisão de recuar e abrir mão do sistema de três zagueiros em favor de uma linha de quatro, tentando encaixar Gonzalo, Mbappé e Vinícius Júnior, resultou em um colapso defensivo.
Um resultado desastroso e suas consequências
O retorno de Mbappé junto com a alteração tática teve um efeito devastador. Sem o equilíbrio defensivo que caracterizou o time nas partidas anteriores, o Real Madrid se tornou uma presa fácil para o PSG. Com apenas 30 minutos de jogo, a equipe francesa já havia determinado o destino da partida. Esta escolha, pareceu ser uma decisão emocional, guiada pelo desejo de agradar a todos — torcedores, mídia e até mesmo os jogadores —, ignorando as lições táticas aprendidas até aquele ponto.
Após o jogo, Alonso optou por não classificar a derrota como um erro, declarou apenas que a temporada havia acabado e que o time precisaria recomeçar após as férias. Contudo, a eliminação precoce é um golpe duro para a diretoria, especialmente para Florentino Pérez, que via na conquista da nova Copa do Mundo de Clubes uma prioridade maior.
Lições aprendidas para o futuro
Esse episódio leva a uma reflexão importantes: em um campeonato de altíssimo nível, tentar agradar a todos pode ter consequências severas. Para o sucesso de um projeto, é fundamental que o treinador faça escolhas que priorizem o coletivo em vez do aplauso momentâneo. No caso de Xabi Alonso, a aposta no que parecia uma decisão popular custou caro e serve como um alerta para a continuidade de sua trajetória no clube.
Esperamos que, assim como durante sua carreira como jogador, Alonso consiga aprender com essa experiência e retomar o rumo de vitórias para unificar a equipe, a torcida e a gestão do clube em torno de um projeto tático consistente e vitorioso.