Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (9) que aplicarão uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. A medida foi comunicada por Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma carta oficial, e decorre de tensões relacionadas ao julgamento do STF contra Jair Bolsonaro.
Taxa de 50% sobre produtos brasileiros e justificativas de Trump
De acordo com a carta enviada por Trump, a tarifa visa retaliar a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro, considerado um líder respeitado pelos norte-americanos até recentemente. “A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato — inclusive pelos Estados Unidos — é uma vergonha internacional”, afirmou Trump.
Ele também criticou o julgamento do STF contra Bolsonaro, interpretado por Trump como uma perseguição política. “Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente”, destacou o ex-presidente dos EUA.
Reações e posicionamentos
Reação de Trump e apoio à Bolsonaro
Trump já havia defendido Bolsonaro anteriormente, na semana passada, usando suas redes sociais. “Deixe Bolsonaro em paz”, afirmou, chamando o processo judicial de “caça às bruxas”. A embaixada dos EUA em Brasília reforçou o apoio ao ex-presidente brasileiro, dizendo que “a perseguição política contra ele, sua família e apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.
Resposta do governo Lula e críticas diplomáticas
O Itamaraty convocou o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para discutir o apoio manifestado por Trump. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o Brasil não aceitaria ingerências nas questões judiciais internas. “Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro”, declarou.
Reação dos políticos aliados de Lula
Parlamentares aliados de Lula criticaram a medida de Trump, considerando-a injusta. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo brasileiro manterá a postura diplomática, ressaltando que o Brasil tem um superávit na relação comercial com os EUA. O deputado estadual Paulo Pimenta (PT) chamou as ações de Trump de “injustiças sem precedentes” contra o Brasil.
Já o deputado Lindbergh Farias (PT) afirmou que a decisão de Trump revela interesses políticos e apontou que Bolsonaro e sua família têm sido parceiros dos EUA. O senador Humberto Costa também criticou a postura de Bolsonaro e considerou o tarifasço uma ação que prejudica o Brasil.
Perspectivas futuras e diplomacia parlamentar
Uma missão de parlamentares brasileiros aos EUA está sendo organizada para setembro, com o objetivo de reforçar a relação bilateral e negociar a questão das tarifas. A Comissão de Relações Exteriores do Congresso já está coordenando esforços diplomáticos para evitar um aprofundamento do conflito, em alinhamento com o Executivo.
A tensão entre Brasil e EUA evidencia a fragilidade nas relações diplomáticas, que passam por momentos de conflito devido às ações judiciais contra Bolsonaro, às quais Trump e seus aliados reagiram de forma contundente. O desfecho dessas medidas e o diálogo entre os países serão determinantes para o futuro das parcerias comerciais e políticas.
