Na manhã desta quinta-feira (13), um júri de Manhattan considerou Sean “Diddy” Combes culpado em duas das cinco acusações relacionadas a tráfico sexual e conduta criminosa, enquanto foi absolvido dos mais sérios delitos de conspiração de extorsão e tráfico sexual por força, fraude ou coerção. O advogado do rapper afirmou que irá recorrer da decisão.
Decisão do júri e os principais fatos do julgamento
O julgamento durou semanas e contou com depoimentos de 34 testemunhas, incluindo ex-parceiras, funcionários e agentes do FBI. Combs foi condenado por transportar suas ex-namoradas, Cassie Ventura e “Jane”, junto com outros homens, para realizar atos sexuais mediante pagamento, violando a Lei Mann, que regula o transporte de pessoas para fins ilícitos.
O tribunal considerou que Combs usou de sua fama, riqueza e influência para conduzir uma operação que envolvia encontros sexuais forçados, uso de drogas como ecstasy e MDMA, além de gravações de alguns desses atos sem consentimento. Com a condenação, o músico pode ser condenado a até 20 anos de prisão.
Reação das vítimas e testemunhos durante o processo
As principais testemunhas foram Cassie Ventura e uma outra ex-namorada, conhecida na corte pelo pseudônimo “Jane”. Ambas relataram que Combs as forçou a participar de sessões de sexo com homens, utilizando drogas e, em alguns casos, as gravando. A mãe de Cassie, Regina Ventura, revelou que o empresário ameaçou divulgar vídeos íntimos dela após ela conquistar um novo relacionamento, e que chegou a exigir US$ 20 mil nesse contexto.
“Cassie deixou uma marca que ajudará a trazer mais justiça para as vítimas de abuso por pessoas em posições de poder,” afirmou Douglas Wigdor, advogado da artista, após o julgamento. “Ela mostrou coragem ao testemunhar e trouxe à luz uma realidade que precisa ser enfrentada.”
Acusações adicionais e depoimentos controversos
Durante o processo, testemunhos de outros ex-funcionários e celebridades apontaram comportamentos violentos de Combs. Dawn Richard, ex-colega de banda do rapper, declarou que o empresário tentou agredi-la com uma frigideira em 2009, enquanto Kid Cudi relatou episódios de retaliação após seu relacionamento com Ventura. As acusações de violência e abuso reforçam o histórico de comportamentos denunciados por várias mulheres ao longo dos anos.
O advogado de defesa admitiu que Combs tinha um histórico de comportamento violento em relacionamentos domésticos, mas insistiu que isso não configurava tráfico sexual. Os advogados também apresentaram duas solicitações de mistrial, que foram negadas pelo juiz responsável pela causa.
Perspectivas futuras e impacto da condenação
Com a condenação, Diddy enfrentará uma possível pena de até duas décadas de prisão. A repercussão do caso reforça o movimento de luta contra o abuso de poder na indústria do entretenimento, além de estimular outras vítimas a divulgarem seus relatos. Além da condenação criminal, o empresário ainda responde a dezenas de processos civis relacionados a abusos sexuais.
A sentença é vista como um avanço na busca por justiça para sobreviventes de assédio e tráfico sexual, evidenciando que figuras de destaque não estão acima da lei.
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