O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou, nesta semana, a adoção do horário de verão até o final de 2025. A medida, que adianta os relógios em uma hora entre outubro e fevereiro, está suspensa desde 2019, mas voltou a ser considerada como estratégia para evitar déficits de energia no período seco.
Horário de verão, uma estratégia para mitigar riscos no setor elétrico
Segundo o ONS, a reimplantação do horário de verão faz parte de um pacote de ações para enfrentar o aumento da demanda durante o período de menor volume de chuvas, que afeta os níveis dos reservatórios de energia. “O horário de verão é uma medida importante para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda, especialmente em momentos de maior consumo”, explicou Márcio Rea, diretor-geral do ONS. A medida foi recomendada após a apresentação do Plano de Operação Energética 2025-2029, que projeta crescimento de 14,1% na carga de energia nos próximos cinco anos.
Parte do contexto, a participação de fontes renováveis, como a solar, cresceu significativamente na matriz elétrica brasileira. Segundo o relatório do ONS, até 2029, a micro e minigeração distribuída deve responder por 32,9% da energia consumida, destacando a importância do aproveitamento do sol para ampliar a capacidade de geração e reduzir a dependência de fontes controláveis como hidrelétricas e térmicas.
Medidas adicionais propostas pelo setor
Além do horário de verão, o ONS sugeriu outras ações para reforçar o sistema elétrico, como a antecipação da entrada em operação de térmicas contratadas no leilão de reserva de capacidade de 2021, inicialmente previstas para 2026. Espera-se que essas usinas possam fornecer cerca de 2 GW a partir de agosto de 2025. Também há a recomendação de preservar os recursos hídricos e concluir quatro linhas de transmissão previstas para entrega ainda neste ano, medidas essenciais para garantir a estabilidade do sistema.
Perspectivas para o sistema energético brasileiro
O crescimento da demanda de energia, aliado ao aumento do uso de fontes renováveis, demanda maior flexibilidade do sistema elétrico. Márcio Rea destaca que, para 2025, espera-se um aumento na necessidade de despacho de térmicas, especialmente no segundo semestre, com forte ênfase na utilização de fontes controláveis, que respondem rapidamente às variações de carga, garantindo a segurança do fornecimento.
Segundo Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do ONS, há um aprofundamento do que ele chama de “déficit estrutural para atendimento”, reforçando a importância de organizar leilões anuais para contratar recursos adicionais de geração de energia e evitar apagões ou déficits durante picos de consumo, especialmente no fim do dia. Especialistas, como Clarice Ferraz, economista do Instituto Ilumina, apoiam a retomada do horário de verão como uma estratégia para aproveitamento máximo da luz solar, contribuindo para a segurança energética do país.
Para entender o impacto dessas medidas, o ONS estima que, até 2029, a carga de energia atingirá cerca de 94,6 GW médios, com o crescimento contínuo do setor solar, que deve dominar quase um terço da matriz elétrica no futuro próximo. A gestão eficiente dessa expansão, aliada às ações de flexibilização do sistema, será fundamental para o fortalecimento do setor elétrico brasileiro.
Para mais detalhes, acesse o documento completo da ONS e confira as estratégias para garantir a segurança energética nos próximos anos.