No último ano, uma nova modalidade de golpe tem ganhado destaque, especialmente entre os fãs de celebridades. Histórias como a de Margaret, uma mulher de 73 anos, mostram como a vulnerabilidade e o desejo de conexão podem facilmente levar a perdas financeiras significativas e, muitas vezes, a uma crise emocional profunda.
O conto de fadas virtual de Margaret
Margaret deixou sua casa rural e seu marido, após 10 anos de casamento, em busca de um encontro com o ator Kevin Costner, com quem acreditava estar construindo uma relação. Após meses de conversas online, ela havia investido quase R$ 500 mil em bitcoins sob a promessa de que esse dinheiro ajudaria Costner a estabelecer uma nova produtora. A combinação de solidão e a ilusão de atenção de uma estrela parecia ter criado um vínculo inquebrável.
As mensagens que trocava com Costner eram carinhosas, e uma foto onde o ator segurava uma folha com uma declaração de amor a deixava extasiada. No entanto, a realidade logo a golpeou quando, ao chegar ao hotel onde se encontrariam, recebeu uma imagem de um carro acidentado e a informação de que ele não poderia comparecer.
A indústria dos golpes na era digital
A situação de Margaret não é isolada. Atualmente, golpes financeiros que utilizam a imagem de celebridades estão em aumento, especialmente com o uso de tecnologias avançadas como inteligência artificial e criptomoedas. Internamente, as celebridades e suas agências estão lutando para combater o que se tornou um jogo de “Whac-A-Mole”, onde novas contas falsas surgem constantemente na internet.
A resposta do FBI e mudanças na legislação
Neste cenário, mais de 400 personalidades, incluindo Scarlett Johansson e Fran Drescher, se uniram para apoiar uma legislação conhecida como “No Fakes Act”. Esta proposta busca estabelecer proteções para as vozes e imagens dos artistas contra o uso não autorizado, especialmente em conteúdos gerados por IA. De acordo com o FBI, em 2024, os americanos relataram perdas superiores a R$ 3,5 bilhões em golpes de confiança e romance, sendo que pessoas acima de 60 anos eram as mais afetadas, com perdas médias de R$ 433 mil por vítima.
O perfil do golpista
Os golpistas têm se tornado cada vez mais sofisticados em suas abordagens. Focando na boa fé que os fãs têm por seus ídolos, eles criam perfis que refletem a imagem de celebridades em busca de interações emocionais e financeiras. Especialistas afirmam que muitos desses criminosos são, na verdade, vítimas de redes de tráfico humano, forçados a trabalhar em golpes online, refletindo um ciclo sombrio e sem fim.
Em um experimento realizado por repórteres, foi criada uma conta falsa de uma mulher chamada Linda, que rapidamente foi abordada por vários perfis falsos de estrelas como Keanu Reeves e Charlie Hunnam. Essas interações deixaram claro que a maioria dos golpistas mira na insegurança emocional de suas vítimas, manipulando sentimentos e expectativas para extrair dinheiro.
Como combater os golpes e proteger os vulneráveis
Erin West, uma ex-procuradora especializada em crimes de alta tecnologia, enfatiza a importância de ações coletivas em Hollywood para pressionar plataformas de mídia social a adotarem medidas mais rigorosas contra imitações e fraudes. “Celebrities should stand up and say, ‘Take our faces down. Don’t make us complicit in stealing money from people,'” declarou West.
A sociedade deve ser alertada para essas armadilhas digitais, pois muitas vítimas como Margaret tendem a se sentir envergonhadas e hesitam em denunciar os crimes. A assistência e o apoio das comunidades são cruciais para ajudar essas vítimas a se recuperarem não apenas financeiramente, mas emocionalmente.
A conscientização ativa sobre os riscos e dicas para identificar fraudes pode salvar vidas e poupar sonhos. O golpe que Margaret enfrentou é um lembrete sombrio de que, mesmo em uma era de conectividade, a solidão e a busca por conexão genuína podem deixar muitos vulneráveis a fraudes devastadoras.