O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, elogiou o papel do Brics na promoção de pesquisa e inovação, especialmente nos países do Sul Global. A declaração foi feita durante reunião de cúpula do bloco realizada nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, onde destacou a atuação dos bancos de desenvolvimento como o brasileiro.
Brics e o fortalecimento das ações multilaterais
Mercadante afirmou que os países do Brics estão liderando uma agenda de articulação do Sul Global para promover a reconstrução das ações multilaterais e estabelecer um novo marco regulatório nas relações financeiras. Segundo ele, a iniciativa busca fortalecer a cooperação internacional e resgatar a relevância das instituições multilaterais em meio a uma crise global de grandes proporções.
“[Os países do Brics] estão puxando essa agenda de articulação do Sul Global para que a gente traga a reconstrução das ações multilaterais, do novo marco regulatório nas relações financeiras, do fortalecimento das ações multilaterais que estão sendo erodidas”, afirmou Mercadante.
Relações do Brasil com a China e o cenário mundial
O dirigente também destacou a importância da relação do Brasil com a China, um dos principais integrantes do Brics. “Se tem gente no planeta que se incomoda com o êxito da experiência de crescimento da China, não é o Brasil”, declarou.
No evento realizado nesta quarta-feira (9), no BNDES, Mercadante enfatizou ainda a necessidade de repensar a relação entre Estado e mercado diante de uma crise global que demanda soluções inovadoras. “Nós não temos modelos a copiar, temos que construir um caminho próprio”, afirmou.
O papel do Sul Global e o fortalecimento das instituições
Segundo Mercadante, o Sul Global deve exercer sua presença como sujeito histórico na reconstrução de um novo pacto internacional, baseado no respeito mútuo e na rejeição de um mundo monopolar e autoritário. “O Sul precisa ter uma presença forte, para contribuir com a história da humanidade”, ressaltou.
Ele ainda defendeu que o Estado possui papel fundamental para impulsionar a inovação, especialmente por meio de investimentos que viabilizem novas soluções. “Não há inovação sem Estado. Precisamos de parceria com o setor privado, mas o mercado sozinho não resolve as questões”, avaliou.
China e o papel do bloco no cenário global
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, também participou do seminário e destacou a importância global do Brics. Ele criticou medidas unilaterais e protecionistas, como as adotadas pelos Estados Unidos, que prejudicam o desenvolvimento internacional.
“O Brics, como vanguarda do Sul Global, posiciona-se do lado correto da história, defendendo a paz, o desenvolvimento e benefícios mútuos”, afirmou o diplomata chinês, reforçando a força coletiva do bloco.
Pesquisa, inovação e investimentos no Brasil
Durante o evento, Mercadante anunciou que o edital do BNDES, em parceria com a Finep, para seleção de propostas de centros de pesquisa, recebeu 618 inscrições, totalizando R$ 57,4 bilhões em projetos. Destes, R$ 51,9 bilhões são pleiteados para financiamento, incluindo empresas nacionais e multinacionais de diversos países.
O valor originalmente previsto para o edital era de R$ 3 bilhões, mas a expectativa é de apoio a todos os projetos viáveis. O programa prevê diferentes instrumentos de financiamento, como crédito, participação acionária e recursos não reembolsáveis, para estimular a inovação no país.
Mercadante destacou a importância desses centros de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I), que englobam laboratórios, plantas piloto e instalações voltadas para a criação de novas soluções. Ele reforçou que a inovação é fundamental para elevar a competitividade do Brasil no cenário internacional e melhorar as exportações.
O Brics e o Brasil na economia mundial
Representando cerca de 39% da economia mundial, o Brics inclui países como Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Nos últimos anos, o bloco tem se consolidado como uma força econômica e política que busca maior protagonismo do Sul Global.
Em 2024, os países do Bloco responderam por 36% das exportações brasileiras e representaram 34% das importações do Brasil, reafirmando a relevância dessa parceria no comércio exterior.
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