Em um mundo cada vez mais automatizado, Adam Dorr, um respeitado futurista e cientista social, lançou um alerta ameaçador: em um prazo de 20 anos, robôs e inteligência artificial (IA) poderão substituir praticamente toda a força de trabalho humana, transformando radicalmente a economia global. Dorr é diretor de pesquisa da RethinkX, uma organização sem fins lucrativos que analisa e antecipa a disrupção tecnológica, e suas previsões baseiam-se em um estudo meticuloso de padrões tecnológicos ao longo da história.
A transformação inevitável do mercado de trabalho
Segundo Dorr, a velocidade e a escala da transformação tecnológica são impressionantes. Observando o que carros fizeram com os cavalos, e o impacto das câmeras digitais sobre a Kodak, ele traça um paralelo entre as revoluções tecnológicas passadas e o que está prestes a acontecer com o trabalho humano. “A tecnologia tem um novo alvo em sua mira – e somos nós. É o nosso trabalho”, alerta ele. A conclusão de Dorr é clara: em poucos anos, máquinas serão capazes de desempenhar as mesmas funções que os humanos, se não melhorarem, e por um custo muito inferior.
A evolução contínua de custos e capacidades tecnológicas indica que se um produto pode ser substituído por uma alternativa mais barata e eficiente, a mudança será inevitável. “Estamos sendo comparados aos cavalos e às câmeras de filme”, diz Dorr, enfatizando que essa mudança não é uma questão de ‘se’, mas sim ‘quando’.
Robôs: a nova força de trabalho
Dorr, que possui um doutorado em assuntos públicos pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, afirma que muitos setores experimentarão um “interregno” onde os humanos poderão trabalhar ao lado dos robôs. No entanto, essa fase será transitória. “Em breve, os humanos serão apenas um obstáculo”, afirma. O futuro do trabalho se desenha como um cenário em que mesmo atividades que dependem intrinsecamente de habilidades humanas, como esporte, política e ética, enfrentarão concorrência direta de sistemas automatizados.
Desafios e oportunidades da era digital
Embora alguns empregos e setores continuem a existir, Dorr destaca que estes não serão suficientes para empregar bilhões de pessoas. Ele enfatiza a necessidade de reavaliar conceitos como valor, preço e distribuição em uma sociedade em rápida mudança. “Precisamos experimentos agora e tentar novas estruturas de propriedade e de participação”, sugere. Essa reavaliação se torna ainda mais urgente à medida que as instituições tradicionais podem não ser mais adequadas para enfrentar as novas realidades do trabalho.
No entanto, nem tudo é sombrio. Dorr traz uma mensagem de otimismo, sugerindo que uma transformação bem gerenciada pode levar a uma “superabundância”, libertando a humanidade de alguns dos grilhões do trabalho. “Esta pode ser uma das coisas mais incríveis que já aconteceram à humanidade”, afirma. Com a revolução tecnológica podem surgir novas oportunidades de produtividade e abundância, desde que a distribuição dos benefícios seja feita de maneira justa.
Um futuro incerto, mas esperançoso
Enquanto Dorr reconhece os perigos associados à deslocalização econômica e ao aumento das desigualdades sociais, ele acredita que o medo e a desinformação não são inevitáveis. Em sua nova obra, “Brighter: Optimism, Progress and the Future of Environmentalism”, ele explora esses tópicos, complementando seu discurso com uma visão esperançosa sobre o potencial de progresso humano no contexto de grandes mudanças sociais e econômicas. Dorr observa que, ao contrário de previsões passadas de eras de lazer, a realidade é que a sociedade terá que aprender a viver de forma diferente, buscando significado em relações interpessoais e conexões comunitárias.
Dorr conclui que, apesar dos desafios à frente, a capacidade humana de se adaptar, inovar e criar novas formas de viver e trabalhar ainda é uma força poderosa. “Acredito que encontraremos sentido nas nossas relações com amigos e familiares”, afirma, encapsulando sua visão otimista sobre o futuro.