A situação na República Centro-Africana é desafiadora, mas o desejo de muitos jovens de serem artífices de seu próprio futuro permanece forte. A Fundação Magis, uma obra missionária da Companhia de Jesus, tem se destacado como um agente de transformação nesse cenário, oferecendo apoio e capacitação aos mais vulneráveis, especialmente mulheres. Com sede em Bangui, em parceria com o Centro Católico Universitário, a fundação visa proporcionar uma formação integral que facilite a construção de vidas dignas e autônomas.
O impacto da Fundação Magis na formação da juventude
Com o apoio de doações e financiamento da Conferência Episcopal Italiana, através do mecanismo do 8xMille, o trabalho da Fundação Magis se intensificou nos últimos anos. Sua chegada à República Centro-Africana, que já conta cinco anos de atuação, começou antes, em 2013, com esforços em conjunto com o Jesuit Refugee Service, visando atender os deslocados na região de Bambari. Como explica Sabrina Atturo, cooperante internacional dos Jesuítas e responsável pelo projeto, a meta é promover a formação acadêmica e profissional, além de fortalecer a autodeterminação econômica dos jovens.
Um país marcado pela instabilidade
A República Centro-Africana continua lutando para se recuperar de um conflito armado que teve início em 2013, com a luta entre as milícias Seleka e os grupos anti-Balaka. Apesar do acordo de paz assinado em 2019, o país ainda vive a insegurança provocada pela presença de grupos armados e a tensão relacionada às eleições municipais e nacionais que se aproximam. O atual presidente, Faustin-Archange Touadéra, busca um terceiro mandato, gerando controvérsia entre as forças de oposição, que criticam a nova Constituição aprovada em um referendo boicotado.
“Neste momento, temos um certo impasse, sem confrontos abertos, mas com a presença persistente de grupos armados”, afirma Atturo, ressaltando a necessidade de ações que minimizem os riscos e ajudem a juventude a vislumbrar um futuro melhor.
Educação como base para a esperança
Com apenas uma universidade localizada na capital e recursos financeiros escassos, os jovens enfrentam enormes desafios. “Mais da metade da população vive com menos de um dólar por dia”, observa Atturo. Para enfrentar essa realidade, a Fundação Magis tem apoiado cerca de 800 jovens anualmente, oferecendo tanto suporte acadêmico quanto cursos em áreas relevantes, como informática, mecânica, energias renováveis e moda. Além disso, parcerias com empresas locais têm sido estabelecidas para facilitar estágios, promovendo a inserção desses jovens no mercado de trabalho.
Prioridade para a inclusão das mulheres
No contexto de vulnerabilidade, as mulheres se destacam como um grupo particularmente afetado. Muitas vezes, a educação feminina recebe menos atenção em comparação à dos meninos, e o impacto disso pode ser devastador. A personalização do acompanhamento para cada jovem mulher é crucial, abrangendo atividades que promovem a geração de renda e a autonomia. “Precisamos garantir que as meninas também tenham acesso a oportunidades, pois sua inclusão é vital para a construção de uma sociedade mais justa”, enfatiza Atturo.
Educação para a paz e a reconciliação
Além das iniciativas educacionais, a Fundação Magis também se preocupa em promover a paz no país. Com mais de 350 jovens formados como educadores e voluntários da paz, o projeto busca criar grupos de diálogo e reconciliação, seguindo o apelo do Papa Francisco durante sua visita à República Centro-Africana em 2015. Iniciativas inter-religiosas e interconfessionais são promovidas, fomentando a construção da paz no ambiente social e político ainda conturbado.
Um futuro incerto, mas repleto de esperança
O desafio é imenso, como demonstrado por eventos trágicos, como a recente explosão em uma escola em Bangui, que vitimou 20 pessoas durante os exames de final de curso. Esses incidentes ressaltam a fragilidade do sistema educacional, ainda sendo afetado pelos ecos da guerra. “Muitas escolas foram saqueadas ou destruídas, e muitas continuam ocupadas por grupos rebeldes”, declarou Atturo.
Entretanto, no meio de tantas dificuldades, o trabalho da Fundação Magis se apresenta como um farol de esperança. Cada jovem apoiado representa uma nova chance de transformação e progresso para uma República Centro-Africana mais justa e pacificada. O futuro ainda é incerto, mas a determinação e o desejo de mudança são palpáveis entre aqueles que, graças à Fundação, veem a possibilidade de um amanhã melhor.
Saiba mais sobre esse trabalho vital no site da Fundação Magis e junte-se a nós na promoção do futuro brilhante para a juventude da República Centro-Africana.