Eliminado nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, o Flamengo planejava um período de tranquilidade para se preparar para o retorno do Brasileirão — neste sábado (12), a equipe enfrentará o São Paulo no Maracanã. No entanto, a situação se complicou nos bastidores do clube, com o diretor José Boto no centro de uma turbulência crescente. Com a abertura da janela de transferências se aproximando, as tensões aumentaram, fazendo com que Boto vivenciassse o momento mais crítico desde sua chegada ao rubro-negro, no início do ano.
A crise interna envolvendo jogadores e a diretoria
A crise no Flamengo envolve não só o diretor Boto, mas também jogadores fundamentais do elenco, como Pedro e Arrascaeta, além do presidente Luiz Eduardo Baptista, também conhecido como Bap. Um dos pontos mais polemicos foi o veto à contratação do atacante irlandês Michael Johnston, do West Bromwich (Inglaterra). Essa terça-feira foi marcada por reuniões entre as lideranças do futebol, que tentaram apaziguar as tensões. Boto chegou a avaliar a possibilidade de deixar o clube, mas Bap assegurou a confiança no dirigente que ele mesmo contratou.
Após a derrota contundente por 4 a 2 para o Bayern de Munique nas oitavas de final do Mundial nos EUA, o Flamengo também teve que lidar com a saída de Gerson, que foi vendido ao Zenit (Rússia) por 25 milhões de euros. Embora o acerto já fosse comentado publicamente, Boto não comentou o assunto durante a passagem da equipe pelo torneio da FIFA. Gerson, anteriormente capitão da equipe, havia renovado contrato até 2030, mas isso não impediu sua saída e as tensões com sua equipe de representantes.
Reuniões e negociações tumultuadas
Durante a estada nos Estados Unidos, Boto participou de várias entrevistas, onde mencionou o atacante sérvio Dusan Vlahovic como um alvo para o Flamengo, criando atritos com Pedro, que recentemente retornou de uma grave lesão. Além disso, a postura de Boto em se tornar uma figura proeminente nos holofotes foi mal vista pela diretoria, que esperava que o dirigente blindasse o departamento de futebol das notícias externas.
Uma semana atrás, o colunista Mauro Cezar Pereira, do UOL, revelou que o Flamengo estava aberto a propostas por Pedro, especialmente de clubes do exterior. No entanto, o clube não demorou a rebater, assegurando ao atacante que ele tinha a confiança da comissão técnica. Essa situação gerou grande desconforto por parte dos torcedores, que interpretaram a nota como um indicativo de que o jogador poderia ser negociado.
Pressão e recuos nas negociações
Recentemente, a imprensa noticiou negociações com o atacante Mikey Johnston do West Bromwich, com o aval do técnico Filipe Luís. A transação, que envolvia o pagamento de R$ 37 milhões, foi vista como uma “aposta de scout” e gerou críticas entre os torcedores. Após o burburinho negativo, Bap decidiu travar a contratação, acionando um relatório médico que desaconselhava a negociação. Boto, por sua vez, ressentiu-se com essa decisão, temendo que sua credibilidade no mercado ficasse prejudicada.
Com as transferências se aproximando, o Flamengo ainda não sinalizou contratações ou vendas concretas, e movimentações no mercado de jogadores como Victor Hugo, que sairia para o Famalicão (Portugal) sem qualquer retorno financeiro, também foram barradas por Bap devido a questionamentos internos.
Perspectivas futuras
Para o futuro, o Flamengo busca reforços, especialmente em posições de meia e ponta, e nomes como Jorge Carrascal, do Dínamo Moscou, aparecem na lista de desejos. No entanto, as negociações estão estagnadas, aumentando a preocupação com a estratégia do clube e a atmosfera dentro do elenco. É crucial que a diretoria mantenha um diálogo aberto e transparente tanto com os jogadores quanto com a torcida para evitar mais crises em um período tão delicado como o que se aproxima.
A situação é tensa e requer capacidade de gestão e comunicação para que o Flamengo consiga voltar a trilhar um caminho de vitórias e conquistar a confiança de sua imensa torcida. A janela de transferências se abre em breve e a pressão para tomar decisões acertadas dentro e fora de campo nunca foi tão grande.