A Igreja Católica na Alemanha enfrenta uma grave crise financeira, com receitas em declínio e despesas crescentes que forçam dioceses a adotarem cortes drásticos, incluindo uma previsão de déficit superior a 100 milhões de euros até 2035, segundo informações do CNA Newsroom de 9 de julho de 2025.
Diocese de Limburg enfrenta grave déficit e prevê perdas cumulativas
A Diocese de Limburg, liderada pelo bispo Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, registrou seu primeiro déficit anual de 810.000 euros em 2024. As projeções apontam para dificuldades ainda maiores, com uma previsão de que o déficit total ultrapasse 100 milhões de euros em uma década (reportado pela CNA Deutsch).
Entre os fatores apontados pela diocese estão o aumento dos custos de pessoal e pensões, a contínua redução nas receitas de imposto paroquial e as mudanças sociais, como envelhecimento da população, secularização e queda da afiliação à Igreja.
Impacto nacional e medidas de austeridade
As dificuldades financeiras ultrapassam Limburg, com a Associação das Dioceses Alemãs anunciando “medidas de austeridade ambiciosas” que envolvem cortes de aproximadamente 8 milhões de euros (cerca de US$ 9,4 milhões) em seu orçamento de 129 milhões de euros (aproximadamente US$ 151,2 milhões). A expectativa é apresentar um orçamento equilibrado até 2027 (informou CNA Deutsch).
Embora antes a Igreja na Alemanha tivesse receitas elevadas, em 2019 os valores de imposto religioso atingiram seu pico, somando 6,76 bilhões de euros (cerca de US$ 7,92 bilhões). Mesmo com um recorde de 272.771 expatriados da religião católica nesse mesmo período, a receita cresceu além das perdas الجديدة, revelando uma economia robusta anterior à pandemia que mascarava problemas estruturais.
Declínio do número de fiéis e prática religiosa
Para a primeira vez na história, o número de católicos na Alemanha caiu abaixo de 20 milhões, totalizando 19.769.237 em 2024 – uma redução de mais de 576 mil em relação ao ano anterior (dados da CNA). Atualmente, menos de um quarto da população do país (83,6 milhões) se identifica como católica.
O que mais chama atenção é a baixa participação na prática religiosa: apenas 6,6% dos fiéis praticantes, ou cerca de 1,3 milhão de pessoas, frequentam missa dominical regularmente. Assim, menos de 2% da população participa de culto semanal.
Rescisões e preocupações com gastos
Em 2024, a Igreja na Alemanha registrou mais de 321 mil resignações formais, enquanto houve apenas aproximadamente 6.600 readmissões ou novas adesões. O padre Wolfgang Pax, vigário-geral de Limburg, declarou que o objetivo é evitar cortes indiscriminados, buscando decisões alinhadas à missão e às metas estratégicas da Igreja em tempos turbulentos (informações da CNA).
Investimentos controversos e desafios adicionais
O elevado gasto da Igreja na Alemanha com o controverso Caminho Sinodal, um projeto de várias anos que recebe críticas internacionais, também pesa no balanço. Estima-se que mais de 5,7 milhões de euros tenham sido gastos entre 2019 e 2022 nesse projeto, embora a Igreja não tenha confirmado oficialmente esses números.
Com o financiamento vindo de impostos obrigatórios e do pagamento de até 9% do imposto de renda pelos católicos, a Igreja alemã é uma das mais ricas do mundo, o que acarreta discussões sobre a gestão dos recursos.
Perspectivas futuras
Beate Gilles, secretária-geral da Conferência Episcopal, admitiu a gravidade da situação: “O processo de austeridade, já em andamento em muitos dioceses, é inevitável. Precisaremos fazer cortes difíceis, que afetarão projetos importantes”. Ela alertou que recursos limitados podem obrigar a Igreja a reduzir sua participação em iniciativas de impacto social.
A crise financeira ocorre em um momento de questionamentos sobre os gastos com o Caminho Sinodal e o futuro da Igreja na Alemanha, em meio à diminuição acelerada da participação e ao declínio da prática religiosa entre os fiéis.