Os Estados Unidos registraram neste ano um aumento alarmante nos casos de sarampo, atingindo o maior nível em 33 anos desde que a doença foi oficialmente erradicada no país, segundo dados do CDC. Com 1.288 confirmações até agora, o número representa o maior desde 1992, e os especialistas alertam que outras doenças também podem voltar a se espalhar devido à queda nas taxas de imunização.
O retorno do sarampo e os riscos para a saúde pública
O sarampo, altamente contagioso e que pode causar complicações graves, incluindo morte, é prevenido por meio da vacina tríplice viral (MMR). “O aumento dos casos mostra que estamos vivendo uma reversão na luta contra doenças que pensávamos controladas”, afirma Maria Clara Mendes, especialista em saúde pública e pesquisadora na Universidade de São Paulo.
Dados da CDC apontam que 92% dos casos confirmados neste ano envolveram pessoas não vacinadas ou com vacinação desconhecida. “A queda na imunização é um fator determinante para esse retorno, que poderia se repetir com outras doenças evitáveis por vacinas”, alerta João Felipe, infectologista.
Razões para o declínio na vacinação
Especialistas apontam diversos fatores para o recuo nas taxas de vacinação, incluindo aumento na hesitação vacinal após a pandemia de COVID-19. O próprio cenário político influenciou esse movimento, com líderes e figuras públicas disseminando informações questionáveis sobre vacinas.
Recentemente, o secretário de Saúde do governo federal, Robert F. Kennedy Jr., nomeou membros com posições céticas à vacinação para o conselho do CDC, e o grupo votou contra recomendações de vacinas como a da gripe com aditivo de timeral (thimerosal). “Isso compromete a confiança pública e potencializa o risco do retorno de doenças que seriam facilmente controladas”, destaca a epidemiologista Katelyn Jetelina.
Previsões e possíveis consequências futuras
Especialistas alertam que a tendência de queda na cobertura vacinal pode ampliar o risco de outras doenças infecciosas, como poliomielite, difteria e coqueluche, que também estavam sob controle há décadas. “Se não houver uma recuperação das taxas de vacinação, podemos enfrentar uma nova fase de epidemias, com impacto tanto na saúde quanto na economia”, avalia o epidemiologista Rafael Silva.
O combate à desinformação e a reforço de campanhas de imunização são considerados essenciais para evitar que esse cenário se torne uma crise de saúde pública ainda maior. “Precisamos recuperar a confiança nas vacinas e garantir que a população esteja protegida”, conclui Jetelina.
Perspectivas para o futuro e ações necessárias
Autoridades de saúde têm reforçado a importância de campanhas de conscientização e de ampliar o acesso às vacinas, além de promover o combate às fake news. O futuro da imunização no país depende do esforço conjunto entre governos, profissionais de saúde e sociedade civil para reverter esse quadro preocupante.