Brasil, 9 de julho de 2025
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A importância da comunidade cristã no Iraque em tempos de crise

No contexto de um Oriente Médio cada vez mais instável, a presença da comunidade cristã no Iraque se torna essencial, especialmente na luta pela promoção dos direitos humanos. Essa é a afirmação do padre Karam Shahmasha, um sacerdote originário da Planície de Nínive, em entrevista à mídia Vaticana. A situação humanitária no país é delicada, refletindo desafios que ultrapassam as questões regionais e políticas.

A crise humanitária no Iraque

O Iraque, uma nação estratégica situada na encruzilhada entre os Países do Golfo, o Mar Mediterrâneo e a Turquia, tem enfrentado uma grave crise humanitária nos últimos anos. Estima-se que mais de um milhão de pessoas estejam deslocadas internamente, com três milhões necessitando de assistência humanitária e 280 mil refugiados de outros países. Essa situação afeta especialmente as minorias, incluindo aproximadamente 250 mil cristãos, uma redução drástica em comparação ao cenário de 2003, quando a população cristã ultrapassava 1,3 milhão.

A luta pela permanência

O padre Karam Shahmasha afirma que mesmo diante das adversidades, a comunidade cristã decidiu permanecer. “A situação melhorou em comparação a períodos anteriores, mas ainda temos altos níveis de discriminação”, explica. Ele menciona que a liberdade religiosa existe, mas as oportunidades, especialmente de emprego, são limitadas e muitas vezes condicionadas à filiação política ou religiosa. O impacto da perseguição pela qual os cristãos passaram em 2014, quando 120.000 deles se viram forçados a fugir de Mosul, ainda ressoa na comunidade.

Uma Igreja viva e resistindo

Apesar dos desafios, Karam destaca que “nossas Igrejas estão vivas”. Ele menciona a participação ativa dos fiéis nas missas e o surgimento de iniciativas voltadas para jovens. O Encontro de Jovens de Ankawa, por exemplo, atraiu mais de 1.500 jovens nos últimos anos, representando um esforço contínuo para manter as novas gerações conectadas à Igreja, mesmo em um ambiente onde muitas vezes são a única presença cristã.

Ponte entre cultura e fé

A presença cristã no Iraque não se limita a uma mera existência religiosa, mas também representa uma conexão profunda entre cultura e fé. O padre Karam enfatiza que o cristianismo tem raízes históricas profundas na região, com os apóstolos Tomé e Tadeu tendo passado por ali, e destaca a contribuição cristã para a filosofia, teologia e ciência, que influenciaram várias tradições religiosas e culturais. “Onde há cristãos, há paz”, afirma, ressaltando a importância da comunidade cristã no fortalecimento da sociedade iraquiana.

O futuro da Igreja no Iraque

O Papa Francisco, durante sua visita ao Iraque em 2021, enfatizou a necessidade de “reconstruir e recomeçar”. O padre Karam concorda, afirmando que a Igreja no Iraque está trabalhando para levar luz e esperança à população. Ele menciona a Universidade Católica de Erbil, que, após a destruição de 2014, continuou a oferecer educação e abrigo aos refugiados. No próximo dia 30 de setembro, a universidade celebrará seu décimo aniversário, simbolizando um esforço contínuo para apoiar a juventude e garantir um futuro para a Igreja.

Assim, mesmo em meio a uma realidade marcada por dificuldades, a comunidade cristã no Iraque demonstra resiliência e determinação em promover os direitos humanos e manter viva a tradição histórica e cultural. A luta do padre Karam e de muitos outros exemplos inspiradores oferece uma perspectiva de esperança e fé, crucial para enfrentar os desafios futuros.

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