Por mais de vinte anos, uma equipe secreta da polícia mexicana atua na fronteira norte do país, buscando e deportando fugitivos estrangeiros, principalmente americanos, que tentam escapar da Justiça de seus países de origem. Conhecidos informalmente como Os Caçadores de Gringos, eles operam a partir de Tijuana, focados em localizar criminosos que cruzam a fronteira com o objetivo de evitar processos judiciais nos Estados Unidos.
Os Caçadores de Gringos e suas ações na fronteira
Oficialmente, a equipe é chamada de Unidade de Ligação Internacional da Polícia Estadual de Baja Califórnia. Desde sua criação, em 2002, eles deportaram mais de 1.600 fugitivos, incluindo assassinos, sequestradores, criminosos sexuais e traficantes de drogas. A média de prisões chega a cerca de 13 por mês, envolvendo nomes em listas de mais procurados pelo FBI, além de serial killers e magnatas acusados de fraudes.
Os agentes trabalham em roupas civis, dirigindo veículos não marcados e dependendo de informações de agências americanas, como o FBI, o Departamento de Segurança Interna e os U.S. Marshals. Sua formação inclui conhecimentos das legislações mexicana e estadounidense, além de habilidades de observação — eles monitoram suspeitos que tentam se misturar à comunidade local, identificando comportamentos erráticos, tatuagens ou cicatrizes presentes em bancos de dados criminais.
Estratégias de captura e deportação rápida
Para evitar processos de extradição longos, a equipe mexicana utiliza violações migratórias para deportar rapidamente os fugitivos, muitas vezes em questão de horas. Como agentes dos EUA não podem atuar sozinhos no México, eles dependem das forças policiais mexicanas para efetuar as prisões, que não envolvem processos judiciais formais, mas a deportação por crimes contra a imigração.
Operação discretas e casos emblemáticos
Até 2022, a operação desses agentes era pouco conhecida fora dos círculos de segurança. Isso mudou após o jornalista Kevin Sieff, do The Washington Post, acompanhar uma equipe durante a abordagem a Damion Salinas, um jovem de 21 anos procurado na Califórnia por homicídio. O repórter detalha como os policiais identificaram Salinas em Ensenada, confirmaram sua identidade e coordenaram a prisão com os americanos. O captura foi rápida, ocorrendo à beira da estrada e concluída em segundos, com a deportação quase instantânea do fugitivo.
Inspirando a nova série na Netflix
A operação secreta e de alta tensão serviu de inspiração para a série The Gringo Hunters (Los Gringo Hunters), que estreia em 9 de julho na Netflix. Baseada em uma reportagem do Washingtong Post de 2022, a produção mostra as ações do grupo e oferece uma visão inédita do lado oculto dessa atuação policial.
Segundo especialistas, a história revela a complexidade do combate ao crime transnacional na fronteira e o papel fundamental da cooperação internacional na captura de criminosos que tentam escapar para o México. A série promete trazer uma narrativa baseada em fatos reais, retratando com fidelidade as operações silenciosas dos caçadores de gringos.
Com a estreia da produção, uma janela se abre para o público compreender o impacto dessas operações na luta contra o crime organizado e na defesa da justiça tanto no México quanto nos Estados Unidos.
