A Trump Media & Technology Group Corp., empresa controlada por Donald Trump e responsável pela plataforma Truth Social, tomou uma medida polêmica na última segunda-feira (7). A empresa acionou a Justiça da Flórida em busca da citação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma ação que questiona decisões do magistrado. O movimento acontece em um contexto marcado por uma série de tensões entre o ex-presidente dos Estados Unidos e o Judiciário brasileiro, tendo inclusive culminado em um post agressivo de Trump contra o STF após um desagravo ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Impacto da ação nos relacionamentos bilaterais
De acordo com informações apuradas por nossa equipe, a Trump Media e a Rumble, uma plataforma que foi suspensa pelo STF no Brasil, apresentaram uma petição ao Tribunal Federal do Distrito Médio da Flórida. A petição foi feita na mesma data da ação e indicou um endereço no Brasil para a entrega do mandado. Essa informação consta em um relatório da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o caso.
No mesmo dia, Trump utilizou o Truth Social para criticar o STF, referindo-se ao inquérito da suposta trama golpista no Brasil. Em sua mensagem, ele afirmou: “o único julgamento que deveria estar ocorrendo neste momento é o julgamento [de Bolsonaro] pelos eleitores do Brasil – o que chamamos de eleições.” Ele ainda concluiu com um pedido: “DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!”.
Os trâmites legais e o papel da AGU
Enquanto isso, o tribunal da Flórida ainda não se manifestou sobre o pedido das empresas. Desde fevereiro, a Rumble e a Trump Media têm buscado uma liminar que as permita descumprir ordens firmadas por Alexandre de Moraes, que as acusa de ferir o princípio da liberdade de expressão. Segundo os advogados que auxiliam a AGU, a estratégia pode envolver o uso de autoridades centrais para a cooperação jurídica internacional, conforme os tratados entre os dois países.
Além disso, as empresas também não conseguiram, até o momento, convencer a juíza Mary Scriven a acatar o pedido. A magistrada observou que as decisões do STF não se aplicam nos Estados Unidos, indicando que as empresas “não apresentaram nenhuma alegação que mereça revisão judicial” em um tribunal americano.
A relação conturbada entre Brasil e EUA
Esses eventos refletem um clima de crescente hostilidade e tensão entre Brasília e Washington, alimentado por discursos e ações políticas por parte dos aliados de Trump. Moraes se tornou alvo de uma ofensiva organizada, em parte, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se encontra autoexilado nos EUA. Ele e outros aliados buscam sanções financeiras contra Moraes e também trabalharam para que a Casa Branca aplicasse sanções.
A reação das partes envolvidas
Nas redes sociais, Jair Bolsonaro expressou agradecimento pela mensagem de Trump e afirmou que recebeu a nota “com muita alegria”. Na visão de Bolsonaro e seus aliados, essa movimentação representa uma possível interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos brasileiros, o que foi denunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme as tensões aumentam, a preparação da AGU para uma eventual intervenção processual em nome do Brasil continua, com a advocacia federal acompanhando de perto a situação. A questão que se coloca é como a Justiça americana irá reagir a essas novas demandas e se haverá uma escalada adicional na já tumultuada relação entre os dois países sob a influência de Trump.
Concluindo, tanto a Trump Media quanto a Rumble esperam que seus pedidos nas cortes americanas conduzam a um desbloqueio das ações que o STF impôs às suas plataformas, uma situação que pode redefinir dinâmicas de poder e influência entre Brasil e Estados Unidos.