O secretário de Saúde e Direitos Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., causou reações de surpresa ao admitir, na semana passada, que uma de suas principais iniciativas, que visa banir o fluorídio da água potável, pode ter efeitos prejudiciais à saúde pública. Kennedy, defensor de uma campanha intitulada “Making America Healthy Again” (Fazendo a América Saudável Novamente), tem propagado ideias controversas baseadas em evidências questionáveis.
Debate sobre o fluorídio e saúde bucal
Durante entrevista ao programa The Faulkner Focus, na Fox News, Kennedy foi questionado sobre suas posições contrárias à adição de fluorido na água, uma prática apoiada por diversas organizações de saúde, incluindo a Associação Americana de Odontologia (ADA). Ele afirmou que remover o fluorido elevava o risco de aumento de cáries, especialmente entre crianças de famílias de baixa renda.
A ADA reforçou, em comunicado de abril de 2025, que “a fluoretação adequada da água é segura e eficaz na redução da cárie dentária” há mais de 80 anos. Estudiosos apontam que cidades que retiraram o fluorido de sua água, como Calgary, no Canadá, enfrentaram aumento significativo em problemas dentários em seus moradores, fato destacado pelo The New York Times.
Questionamentos e reações públicas
Para cidadãos nas redes sociais, a postura de Kennedy gerou preocupação e indignação. Usuários no Reddit criticaram a proposta, destacando que o objetivo de promover a saúde bucal de forma acessível estaria sendo prejudicado, além de apontarem que a medida favorecerá o aumento de desigualdades e gastos com tratamentos odontológicos. Como um deles comentou: “Como aumentar as cáries infantis nos tornará saudáveis novamente?”
O debate também se estendeu às redes sociais, onde internautas alertaram que a proposta de Kennedy não considera os riscos e que o fluorido, na quantidade recomendada, é seguro. Segundo o estudo do National Toxicology Program, níveis acima de 1,5 mg por litro podem reduzir o QI infantil, mas o limite recomendado pela CDC é de 0,7 mg.
Contexto internacional e controvérsia
Ao redor do mundo, alguns países optam por não fluoridar sua água, ao passo que outros utilizam diferentes estratégias, como fluoridação de sal ou leite. Segundo a BBC, a política varia conforme a região e as evidências científicas disponíveis. No entanto, especialistas ressaltam que a retirada do fluorido pode levar ao aumento de cáries, com impactos diretos na saúde infantil e economia pública.
Perspectivas futuras e riscos à saúde pública
Especialistas alertam que a renúncia ao uso do fluorido na água pode gerar custos adicionais à população, além de agravamentos de condições de saúde bucal já existentes. O próprio Kennedy reconheceu, inadvertidamente, que suas propostas podem ter consequências graves, questionando o equilíbrio entre benefícios e riscos.
Assim, a controvérsia revela um desafio: equilibrar a liberdade de escolha com a saúde pública, especialmente em um momento em que argumentos baseados em evidências fracas ganham espaço na discussão política. Ainda não há consenso, mas a questão do fluorido continua sendo uma pauta relevante para quem defende uma política de saúde baseada em ciência e evidências sólidas.