Brasil, 8 de julho de 2025
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Resultados da 17ª Cúpula do Brics: avanços e polêmicas

A 17ª Cúpula de Líderes do Brics trouxe debates essenciais sobre saúde, meio ambiente e diplomacia internacional, mas também controversas declarações.

A 17ª Cúpula de Líderes do Brics foi encerrada na segunda-feira (7/7), após dois dias intensos de debates sobre temas críticos como conflitos geopolíticos e meio ambiente. No final do evento, os representantes dos países participantes assinaram quatro comunicados focados em questões como financiamento para o combate às mudanças climáticas, inteligência artificial e cooperação em saúde. A declaração final do encontro, no entanto, trouxe à tona diversas polêmicas.

O que é o Brics?

  • O Brics teve sua origem em 2001, quando o economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, referiu-se ao Brasil, Rússia, Índia e China como economias emergentes com grande potencial até 2050.
  • Inicialmente, o Brics era uma recomendação para investidores, mas a formalização do grupo ocorreu em 2006, durante a Assembleia-Geral da ONU, com a primeira reunião ministerial não oficial.
  • A importância do grupo cresceu após a crise financeira de 2008, resultando na primeira cúpula de chefes de Estado em 2009, na Rússia. Em 2010, a África do Sul foi adicionada, completando o acrônimo para Brics.
  • Os membros atuais do Brics incluem: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.

O professor Haroldo Ramanzini Junior, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), analisou que a participação do Brasil no Brics é estratégica, uma vez que o país busca renovação de vozes nas instituições internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU. Segundo Ramanzini, “a atuação na Presidência dos Brics fortaleceu a posição do Brasil como ator global, defendendo o multilateralismo e os direitos das nações em desenvolvimento”.

Os impactos da cooperação

O professor de relações internacionais Eduardo Galvão, do Ibmec, destacou que, embora a declaração da cúpula possa parecer distante do cotidiano das pessoas, suas repercussões são diretas na saúde, economia e meio ambiente dos países membros. Ele afirmou que o Brics busca garantir que países emergentes tenham acesso mais justo a financiamentos internacionais, implicando na possibilidade de empréstimos a juros baixos para áreas essenciais como infraestrutura e educação. “Quando o dinheiro circula com menos amarras, os serviços públicos são fortalecidos”, sublinhou Galvão.

Fernando Valente Pimentel, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), complementou que a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) pode impactar na representatividade dos países em desenvolvimento, levando a um acesso mais justo a financiamentos, o que é crucial para a população em geral. Ele enfatizou que essa maior previsibilidade nos fluxos financeiros é vital para enfrentar crises nos países em desenvolvimento.

Desafios e divergências

Um aspecto que gerou atenção foi a condenação dos ataques ao Irã por parte da cúpula, sem mencionar diretamente os responsáveis, como os Estados Unidos e Israel. A proposta de solução para o conflito na Faixa de Gaza, sugerindo o reconhecimento de dois Estados, revelou-se controversa, com críticas do chanceler iraniano presente no encontro. Ademais, as preocupações expressas em relação ao aumento de tarifas no comércio internacional não citaram as políticas aplicadas pelo governo de Donald Trump.

Após a divulgação do comunicado, Trump ameaçou impor tarifas de 10% a qualquer país que se alinhasse às políticas do Brics. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, defendendo o direito dos países aplicarem o princípio da reciprocidade. Durante a cúpula, Lula reiterou sua defesa ao multilateralismo e a inclusão de todos os países na formulação de medidas econômicas, reiterando esse posicionamento em diversos fóruns internacionais.

Eduardo Galvão concluiu que a rejeição ao protecionismo pode abrir novos mercados aos produtores brasileiros, com a expectativa de redução nos preços para o consumidor final. “A diplomacia pode parecer distante, mas pode determinar o preço da energia, a disponibilidade de remédios ou as oportunidades de mercado para produtos locais”, ressaltou Galvão, desafiando os líderes a transformarem promessas em políticas concretas que realmente beneficiem o cidadão comum.

O resultado da 17ª Cúpula do Brics, portanto, traz consigo tanto avanços significativos quanto questões polêmicas que merecem acompanhamento contínuo, pois podem afetar diretamente o Brasil e seus parceiros internacionais.

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