A representante americana Marjorie Taylor Greene (R-Ga.) propôs um projeto de lei que criminaliza a prática de manipulação do clima, causando espanto na comunidade científica e meteorológica. A legisladora afirma estar há meses pesquisando o tema e teria trabalhado com assessores jurídicos na elaboração da proposta, que visa punir práticas semelhantes às leis do estado da Flórida, incluindo a criminalização de modificações atmosféricas consideradas perigosas.
Reação de especialistas diante da proposta controversa
Especialistas em meteorologia e ambientais apontam que a ideia de criminalizar a manipulação do clima é não apenas tecnicamente incorreta, mas também infundada. “A modificação do tempo, como a semeadura de nuvens para estimular chuva, é uma prática controlada e regulada há décadas”, explica a climatologista Ana Paula Costa, professora da Universidade Federal de São Paulo. Ela acrescenta que a proposta de Greene demonstra um entendimento equivocado sobre os processos atmosféricos.
Histórico de teorias conspiratórias e desinformação
Greene declarou que a legislação buscaria acabar com uma suposta prática “perigosa e mortal” de modificação do clima — uma referência velada às teorias conspiratórias que acusam governos de liberar produtos químicos no céu, conhecidos como ‘chemtrails’. Tais alegações, porém, são amplamente refutadas por órgãos oficiais como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que afirma que as regiões de nuvens secundárias são resultado de vapores de jatos a altas altitudes na atmosfera.
Além disso, um procedimento real relacionado à manipulação atmosférica — a semeadura de nuvens — existe e é utilizado há anos para aumentar a precipitação em áreas secas. No entanto, esse método é controlado e não envolve qualquer prática secreta ou maléfica, como sugerido por teorias infundadas.
Incidente recente de enchentes e o aumento de teorias conspiratórias
O projeto de Greene parece ter sido uma resposta indireta às fortes enchentes que castigaram o centro de Texas na última semana, deixando pelo menos 66 mortos. Conspiracionistas alegam que eventos climáticos extremos seriam resultado de ações clandestinas de manipulação meteorológica, embora estudos científicos contradigam essa narrativa.
O episódio reforça a polarização em torno das questões climáticas e a influência de ideias conspiratórias na política dos Estados Unidos. A comunidade científica alerta para o risco de desinformação que pode prejudicar a compreensão pública sobre os fenômenos naturais e as ações humanas responsáveis pelas mudanças climáticas.
Perspectivas futuras e impacto na discussão pública
Especialistas alertam que propostas como a de Greene podem aumentar a confusão e o medo sobre tecnologia legítima de clima, além de desviar o foco de abordagens reais e eficazes para enfrentar as mudanças ambientais globais. A legislação ainda precisa passar pelos processos políticos, e sua aprovação poderia afetar a credibilidade de debates sobre ciência e segurança ambiental no país.
